Salmos 73

Salmo de Asaf. Sim, Deus é bom para Israel, para os que têm um coração puro.
Mas quase tropeçaram meus pés, por pouco vacilavam meus passos.
Pois tive inveja dos soberbos, quando vi a prosperidade dos maus.
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A inveja da prosperidade dos ímpios é um tema recorrente na literatura sapiencial (ver Jó 21:7-15; Sl 37:1). Reflete a crise da teologia da retribuição terrena, comum no Antigo Oriente Próximo.
Para eles sofrimento não existe, sadio e bem nutrido é seu corpo;
não sofrem as labutas dos mortais, nem são afligidos como o são os outros.
Por isso, como colar os cinge o orgulho, como veste os envolve a violência.
De suas entranhas sai a malícia, transbordam de seu coração maus pensamentos.
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A expressão 'olhos inchados de gordura' usa uma imagem comum no AT para descrever arrogância decorrente da riqueza (ver Sl 17:10; Jó 15:27). Arqueologicamente, tabletes mesopotâmicos também associam obesidade à prosperidade.
Zombam, falam com malícia, com soberba ameaçam de cima.
Levantam a boca até o céu e sua língua percorre a terra.
Por isso no alto estão sentados, e a enchente não os atinge;
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Tradução controversa: o hebraico é obscuro. Alguns manuscritos da LXX sugerem 'seu povo volta aqui', enquanto o TM traz 'seu povo se volta para eles'. A dificuldade gerou variantes nas traduções modernas.
e dizem: “O que é que Deus sabe?* Existe conhecimento no Altíssimo?”
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A dúvida 'Como sabe Deus?' reflete ceticismo antigo sobre a onisciência divina, paralelo em Mq 7:10 e Ezequiel 8:12. Contexto histórico mostra que crises sociais geravam questionamentos teológicos.
Assim são os ímpios, sempre tranquilos, aumentam seu poder.
Foi à toa que conservei puro meu coração e na inocência lavei minhas mãos?
Porque sou molestado o dia todo e castigado cada manhã.
Se eu dissesse: “Vou falar como eles”, estaria traindo a geração de vossos filhos.
Refleti para entender isto, mas achei difícil demais para meus olhos,
até que entrei no santuário de Deus e entendi qual era o fim deles.
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A entrada no 'santuário' (possivelmente o Templo) como lugar de revelação. Arqueologia confirma que templos eram centros de oráculos no antigo Israel (comparar com 1Rs 8:31-53).
De certo, num chão escorregadio os colocais e assim os fazeis cair em ruína.
Como ficaram assolados num instante! Pereceram, consumidos pelo terror.
Como um sonho, quando se acorda, Senhor, ao despertardes, desprezais a imagem deles.
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A imagem do sonho desprezado ao acordar ecoa em Isaías 29:7-8. Reflete a crença na transitoriedade do sucesso ímpio, tema central da teologia deuteronômica.
Quando meu coração se amargurava e em meus rins sentia dor aguda,
eu era imbecil e ignorante, como um animal a vossa frente.
No entanto, estou sempre convosco; vós me tomastes pela mão direita.
Com vosso conselho me guiareis e depois me acolhereis na glória.
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'Receber-me na glória' foi interpretado messianicamente por alguns pais da Igreja, vinculando a Cristo (Hb 2:10). Na leitura original, provavelmente indica proteção divina na vida presente.
Que tenho nos céus fora de vós? Além de vós, nada desejo nesta terra.
Ainda que minha carne e meu coração desfaleçam, rochedo de meu coração e minha porção é Deus para sempre!
Pois os que se afastam de vós perecerão; aniquilais todos os que vos são infiéis.
Minha felicidade, porém, é estar perto de Deus. Ponho no Senhor Javé meu refúgio, para que possa anunciar todas as vossas obras junto às portas da filha de Sião.