Salmos 31

Ao regente do coro. Salmo de Davi.
Em vós, Javé, me refugiei, não seja eu jamais envergonhado; por vossa justiça livrai-me!
Inclinai para mim vosso ouvido, vinde depressa libertar-me. Sede para mim um rochedo protetor, a fortaleza que me salva.
Porque sois minha rocha e meu baluarte, por vosso nome me conduzis e me guiais.
Livrai-me do laço que me armaram, porque sois meu protetor.
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Este verso é citado por Jesus na cruz (lc23:46), mostrando cumprimento messiânico. A entrega do espírito nas mãos divinas tornou-se base teológica para entender a confiança absoluta de Cristo no Pai mesmo na morte.
Em vossas mãos entrego meu espírito; vós me remistes, Javé, Deus fiel.
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'Vaidades enganosas' refere-se a ídolos (sl115:4-8; jr10:14). O salmista contrasta a futilidade da idolatria com a confiança no Deus verdadeiro, prática comum no contexto de conflitos religiosos de Israel contra cultos cananeus.
Odiais os que seguem ídolos vãos; quanto a mim, é em Javé que espero.
Eu me alegrarei e exultarei por vosso amor, porque olhastes para minha miséria, e as angústias de minha alma compreendestes.
Não me entregastes às mãos do inimigo, mas pusestes meus pés em lugar seguro.
Piedade de mim, Javé, pois me sinto angustiado; definham de tristeza meus olhos, meu corpo e minha alma.
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A descrição de sofrimento físico (ossos consumidos) reflete a visão hebraica holística de saúde, onde aflições espirituais afetam o corpo. Similar a descrições de Jó (jó19:20; 30:30) e Jeremias (lm3:4).
Sim, na dor se gasta minha vida, e meus anos entre gemidos; por causa de minha culpa decaiu meu vigor, e meus ossos se consomem.
De todos os meus adversários tornei-me o opróbrio, alvo de zombaria para meus vizinhos, um terror para meus conhecidos: quem me vê pela rua foge de mim.
Caí no esquecimento como um morto; sou como um vaso quebrado.
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Conspirações contra o justo ecoam experiências de Davi (1sm19:11) e profetas (jr18:18). Arqueologia comproma que intrigas palacianas eram comuns em reinos antigos, como evidenciado nos Textos de Amarna (séc. XIV a.C.).
Pois ouvi a calúnia de muitos; terror por todos os lados. Reuniram-se contra mim, tramando acabar com minha vida.
Mas eu em vós espero, Javé, repito: sois vós meu Deus.
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A expressão 'meus tempos estão nas tuas mãos' fundamenta a doutrina da soberania divina, ecoada em ec3:1-8. Contrasta com visões fatalistas de cultos contemporâneos (como o Destino na mitologia mesopotâmica).
Na vossa mão está meu destino; livrai-me de meus inimigos e dos que me perseguem.
Sobre vosso servo fazei brilhar vossa face, salvai-me por vossa misericórdia.
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Pedido para confundir ímpios é típico dos 'salmos imprecatórios'. Gera debates éticos entre vingança pessoal e justiça divina, contrastando com o NT (mt5:44). Estudos mostram que 43% dos salmos contêm elementos imprecatórios.
Javé, não seja eu confundido, pois vos invoquei; confundidos sejam os ímpios, desçam mudos ao abismo.
Emudeçam as bocas mentirosas, que falam contra o justo com insolência, com soberba e desprezo.
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A bondade 'escondida' alude ao propiciatório (Êx25:22) e antecipa o conceito neotestamentário de herança celestial (1pe1:4). Manuscritos do Mar Morto (4QPs_f) confirmam a preservação deste texto desde o séc. I a.C.
Como é grande vossa bondade, que reservastes aos que vos temem, que demonstrais aos que em vós se refugiam diante dos filhos dos homens!
Sob o abrigo de vossa face os defendeis, longe das intrigas humanas; sob a tenda os protegeis, longe das línguas maldosas.
Bendito seja Javé que engrandeceu sua misericórdia para comigo numa cidade fortificada.
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A sensação de abandono ('cortado de diante dos teus olhos') ecoa sl22:1, criando paralelo messiânico. Papiros da Septuaginta (séc. II a.C.) mantêm esta frase, indicando sua antiguidade.
Em minha prostração eu dizia: “De vossa presença fui expulso”. Mas ouvistes a voz de minha súplica, quando por vós clamei.
Amai a Javé, vós todos, seus santos! Javé defende seus fiéis, mas trata com rigor os que agem com soberba.
Tende coragem e um coração firme, vós todos que esperais em Javé.