Salmos 103

De Davi. Minha alma, bendize a Javé, e todo o meu ser bendiga seu santo nome!
Minha alma, bendize a Javé, e não esqueças nenhum de seus benefícios.
É ele que perdoa todas as tuas culpas e te cura de toda doença.
*
A afirmação de que Deus 'sara todas as tuas enfermidades' gera debates teológicos. Alguns interpretam como cura física integral, outros como restauração espiritual, enquanto estudos críticos apontam que o contexto original pode referir-se à libertação do povo no Êxodo (relacionando enfermidade e opressão).
É ele que salva tua vida da fossa e te coroa com sua bondade e sua misericórdia.
É ele que pela vida afora te cumula de bens e renova tua juventude como a da águia.
*
A comparação da renovação da mocidade 'como a da águia' possui múltiplas interpretações: 1) Metáfora da renovação física 2) Alusão à muda de penas (mito não científico) 3) Simbolismo da força divina (Is 40:31). Arqueologia mostra que a águia era símbolo de poder no antigo Oriente Médio.
Javé age com retidão, faz justiça a todos os oprimidos.
Revelou a Moisés seus caminhos, seus grandes feitos aos filhos de Israel.
*
A revelação a Moisés refere-se ao evento do Êxodo 34:6-7, onde Deus proclama Seus atributos. Historicamente, isso estabelece a base da identidade divina no judaísmo: misericórdia aliada à justiça.
Javé é misericordioso e compassivo, lento para a ira e rico em bondade.
Não contenderá para sempre e não dura eternamente sua ira.
Não nos trata conforme nossos pecados, não nos castiga segundo nossas culpas.
Pois quanto é alto o céu sobre a terra, tanto é grande seu amor aos que o temem.
Quanto é distante o oriente do ocidente, tanto ele afasta de nós nossas culpas.
Como um pai se compadece dos filhos, assim Javé se compadece dos que o temem.
*
A analogia paternal foi revolucionária para sua época, onde deuses pagãos eram vistos como distantes. Jesus ampliará esta imagem na parábola do Filho Pródigo (Lc 15:20-22), consolidando a visão de Deus como Pai.
Pois ele sabe de que somos feitos: ele se lembra de que somos.
Os dias do homem são como a relva, ele floresce como a flor do campo;
*
A transitoriedade da vida humana contrasta com a eternidade divina (v.17). Arqueologia comprova que a imagem da erva efêmera era comum na literatura sapiencial do Oriente Médio (ex: Eclesiastes, textos egípcios).
basta que sopre o vento, desaparece, e não conhecerá mais seu lugar.
Mas a bondade de Javé é desde sempre e para sempre para os que o temem; e sua justiça, para os filhos de seus filhos,
para os que guardam sua aliança e se lembram de seus preceitos e os guardam.
Javé estabeleceu seu trono nos céus e seu reino domina acima de tudo.
*
A menção do trono celestial corrobora a evolução teológica do judaísmo pós-exílio, onde Javé transcende o Templo de Jerusalém. Paralelos em Daniel 4:34-35 mostram esta cosmovisão.
Bendizei a Javé, vós, seus anjos, valorosos em poder, que executais suas ordens, obedecendo a sua palavra!
Bendizei a Javé, vós, todos os seus exércitos, que o servis e executais suas vontades!
Bendizei a Javé, vós, todas as suas obras, em todos os lugares de seu domínio! Minha alma, bendize a Javé!