Salmos 102

Ora­ção de um aflito que, prostrado, expõe seu lamento diante de Javé.
Javé, ouvi minha oração, e chegue a vós meu clamor.
Não me oculteis vosso rosto no dia de minha angústia. Inclinai para mim vosso ouvido, quando vos invoco, atendei-me sem demora.
Pois meus dias se dissipam como fumaça e meus ossos ardem como brasa.
Pisado como a erva, meu coração secou; pois até me esqueço de comer meu pão.
De tanto gemer, minha pele está colada a meus ossos.
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A comparação com pelicano e mocho (ou coruja) reflete dificuldades de tradução. No hebraico, 'ka'ath' e 'kos' podem ser aves noturnas ou de lugares desolados. A LXX traduz como 'pelicano' e 'coruja', mas há variações em manuscritos. Possível simbolismo de solidão e luto.
Pareço um pelicano do deserto, sou como a coruja entre ruínas.
Não tenho sono e sou como um pássaro solitário no telhado.
Todo dia meus inimigos me insultam; furiosos contra mim, praguejam com meu nome.
Em vez de pão, estou comendo cinza, misturo lágrimas a minha bebida,
por causa de vossa indignação e de vossa ira, pois me erguestes e depois me abatestes.
Meus dias são como a sombra que declina, e vou secando como a erva.
Mas vós, Javé, reinais para sempre, e vossa lembrança permanece de geração em geração.
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A menção à compaixão por Sião refere-se ao período pós-exílio babilônico (séc VI a.C). O 'tempo determinado' alude ao edito de Ciro (538 a.C) permitindo o retorno dos judeus (2Cr 36:22-23; Ed 1:1-4).
Levantando-vos, de Sião tereis piedade, pois é tempo de compadecer-vos dela: a hora é esta.
De fato, vossos servos amam suas pedras e têm dó de sua poeira.
Então as nações temerão o nome de Javé,* e todos os reis da terra, vossa glória,
quando Javé reconstruir Sião* e aparecer em sua glória.
Ele ouvirá a prece do desamparado e não rejeitará sua súplica.
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A 'geração futura' que louvará pode relacionar-se à preservação dos Salmos nos manuscritos do Mar Morto (séc II a.C), comprovando sua transmissão histórica.
Que isto seja escrito para a geração futura, * e um povo regenerado louvará a Javé.
Pois Javé olhou do alto de seu santuário, dos céus olhou para a terra
A fim de ouvir os gemidos dos cativos* e libertar os condenados a morrer.
para que o nome de Javé seja celebrado em Sião e seu louvor em jerusalém,
quando se reunirem todos os povos e reinos* para servir a Javé.
Quebrantou-se minha força no caminho, meus dias se encurtaram.*
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O verso contrasta a mortalidade humana ('meus dias') com a eternidade divina. Em Hb 1:10-12, este salmo é aplicado a Cristo, reforçando sua divindade ao atribuir-lhe a criação eterna mencionada nos versos 25-27.
Eu digo: Meus Deus, não me leveis na metade de meus dias, * vossos anos se estendem de geração em geração.
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A criação dos céus e terra é citada em Hb 1:10 como obra de Cristo, equiparando-o a Yahweh - argumento crucial para a doutrina da Trindade.
No princípio fundastes a terra,* e os céus são obras de vossas mãos.
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A transformação do cosmos contrasta com a imutabilidade divina. Arqueologicamente, o conceito de deidade eterna difere de panteões cananeus (como Baal, deidade cíclica), corroborando a singularidade israelita.
Eles perecerão, mas vós permaneceis;* e todos ficarão gastos como veste, como roupa os mudais e serão mudados;*
Mas vós continuais o mesmo, e vossos anos não tem fim.
Os filhos de vossos servos terão morada, * e sua descendência se firmará diante de vós.