Jó 34

34 Então Eliú continuou dizendo:
“Escutem as minhas palavras, vocês que sabem tantas coisas; Ouçam-me, vocês que têm tanto entendimento.
Pois o ouvido prova as palavras, Assim como a língua saboreia a comida.
Avaliemos o que é justo; Decidamos o que é bom.
Pois Jó disse: ‘Eu tenho razão, Mas Deus me negou a justiça;
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Eliu está citando Jó 9:20-21, onde Jó afirma sua inocência, mas acusa Deus de negar justiça. Isso reflete o conflito central do livro: como um Deus justo permite o sofrimento dos inocentes? Eliu rejeita a ideia de que Deus seria injusto (v.10-12).
Será que eu deveria mentir e dizer que sou culpado? Meu ferimento é incurável, embora eu não tenha cometido nenhuma transgressão.’
Que homem é como Jó, Que engole a zombaria como se fosse água?
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A comparação de Jó bebendo zombaria como água é uma crítica à sua persistência em manter a inocência. A ironia é que Jó realmente não se alegra na desgraça - essa é uma distorção de Eliu sobre suas palavras (comparar com Jó 21:3).
Ele está na companhia de malfeitores E se ajunta com os maus.
Pois ele disse: ‘O homem não ganha nada Em tentar agradar a Deus.’
Por isso escutem-me, homens de entendimento: O verdadeiro Deus jamais faria o que é mau, O Todo-Poderoso nunca faria o que é errado!
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A defesa da justiça absoluta de Deus ecoa Deuteronômio 32:4. Porém, o livro de Jó problematiza essa visão simplista, mostrando que a retribuição nem sempre é imediata ou visível (contraste com Eclesiastes 8:14).
Pois ele recompensará o homem conforme as suas ações E trará sobre ele as consequências dos seus caminhos.
A verdade é que Deus não faz o que é mau; O Todo-Poderoso não perverte a justiça.
Quem o encarregou da terra, E quem o designou sobre o mundo inteiro?
Se ele fixasse sua atenção neles, E recolhesse o espírito e o fôlego deles,
Todos os humanos morreriam juntos, E a humanidade voltaria ao pó.
Portanto, se você tiver entendimento, preste atenção a isto, Escute atentamente o que eu digo.
Será que alguém que odeia a justiça pode governar? Você condenaria um poderoso que é justo?
Será que você diria ao rei: ‘Você não presta para nada’, Ou aos nobres: ‘Vocês são maus’?
Há Um que não mostra parcialidade a favor de príncipes, Nem favorece mais o rico do que o pobre, Pois todos eles são trabalho das suas mãos.
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A afirmação de que Deus não faz acepção de pessoas antecipa o Novo Testamento (Atos 10:34). No contexto histórico, era revolucionário: nas sociedades antigas, status social geralmente determinava tratamento jurídico.
Eles podem morrer de repente, no meio da noite; Estremecem violentamente e falecem; Até os poderosos são removidos, mas não por mãos humanas.
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A descrição da morte súbita dos poderosos pode aludir a eventos históricos como a queda de reis assírios ou babilônicos, cujos impérios desmoronaram rapidamente. Arqueologia comprova colapsos repentinos de civilizações (ex: queda de Ugarit c. 1180 a.C.).
Pois os olhos de Deus estão sobre os caminhos do homem, E Ele vê todos os seus passos.
Não há escuridão nem densas trevas Onde os malfeitores possam se esconder.
Pois Deus não determinou um tempo para o homem Apresentar-se perante ele em julgamento.
Ele destrói os poderosos sem necessidade de investigação E coloca outros no lugar deles.
Pois sabe o que eles estão fazendo; Ele os derruba durante a noite, e são esmagados.
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A imagem de Deus julgando os ímpios 'de noite' lembra o êxodo (Êxodo 12:29-30), onde o juízo divino ocorre à meia-noite. Isso conecta o discurso de Eliu à tradição de intervenções divinas históricas.
Ele os golpeia por causa da sua maldade Num lugar onde todos podem ver,
Porque deixaram de segui-lo E não fazem caso de nenhum dos Seus caminhos;
Fazem com que o pobre clame a ele, De modo que ele ouve o clamor dos desamparados.
Quando Deus fica em silêncio, quem pode condená-lo? Quando ele esconde a face, quem pode vê-lo? Quer seja para uma nação, quer para um homem, o resultado é o mesmo,
De modo que o ímpio não pode governar, Nem preparar armadilhas para o povo.
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A rejeição ao governo hipócrita ecoa profecias messiânicas sobre um rei justo (Isaías 11:3-5). Curiosamente, Eliu usa linguagem política para falar de relação divina, refletindo tensões do período pós-exílico.
Pois será que alguém dirá a Deus: ‘Fui punido, embora eu não tenha feito nada errado;
Mostra-me o que deixei de ver; Se fiz algo errado, não farei isso de novo’?
Será que ele deveria recompensá-lo segundo o que você quer, se você rejeita o julgamento dele? Você é quem deve decidir, não eu. Então diga-me o que você sabe tão bem.
Os homens de entendimento me dirão, Qualquer homem sábio que me ouve:
‘Jó fala sem conhecimento, E suas palavras não demonstram entendimento.’
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A acusação de que Jó falou 'sem conhecimento' prepara o discurso final de Deus (Jó 38:2). Porém, a ironia é que Eliu também será corrigido, pois Deus nunca o elogia, ao contrário de Jó (Jó 42:7).
Que Jó seja provado até o limite, Porque suas respostas são como as dos homens maus!
Ele acrescenta revolta ao seu pecado, Bate palmas com desprezo diante de nós E multiplica suas palavras contra o verdadeiro Deus!”