Jó 14

4 “O homem, nascido de mulher, Tem vida curta e está cheio de preocupação.
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A comparação da brevidade da vida humana com a fragilidade da existência é um tema recorrente (ec1:12, sl144:4). A expressão 'nascido da mulher' enfatiza a mortalidade inerente à condição humana.
Ele brota como uma flor, e então murcha; Ele passa como uma sombra e desaparece.
Tu fixas nele o teu olhar, E o levas a julgamento contra ti.
Quem pode produzir alguém puro de alguém impuro? Ninguém pode!
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A pergunta retórica reflete a visão de que o ser humano é intrinsecamente imperfeito. Paralelos em jó15:14 e sl51:5 mostram que esta ideia era comum na teologia hebraica antiga.
Se os dias dele estão determinados, O número dos seus meses está sob o teu controle. Fixaste para ele um limite que ele não pode ultrapassar.
Desvia dele o teu olhar, para que ele descanse, Até que ele cumpra o seu dia, assim como um trabalhador contratado.
Pois até mesmo para uma árvore há esperança. Se ela for cortada, brotará novamente E seus raminhos continuarão a crescer.
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A metáfora da árvore que renova contrasta com a mortalidade humana. Alguns veem aqui uma possível alusão indireta à ressurreição (jó19:25-27), enquanto outros interpretam como mera comparação ecológica (sl1:3).
Caso sua raiz envelheça na terra E seu toco morra no solo,
Ao cheiro da água brotará, E produzirá ramos, como se fosse uma planta nova.
Mas o homem morre e não pode fazer nada; Quando um humano dá o último suspiro, para onde ele vai?
As águas desaparecem do mar, E o rio escoa e seca.
Assim também o homem se deita e não se levanta. Não acordará até que não exista mais céu, Nem será despertado do seu sono.
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A descrição da morte como sono irreversível 'até que não haja mais céus' reflete a incerteza sobre a vida após a morte no pensamento hebraico primitivo. A ressurreição só será desenvolvida claramente em textos posteriores (dn12:2).
Quem dera que me escondesses na Sepultura, Que me ocultasses até a tua ira passar, Que estabelecesses um tempo e então te lembrasses de mim!
Quando um homem morre, pode ele viver novamente? Esperarei todos os dias do meu serviço obrigatório, Até vir o meu livramento.
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A dúvida sobre a ressurreição ('porventura tornará a viver?') mostra a evolução da escatologia judaica. Contrasta com afirmações neotestamentárias (jo11:25, 1co15:20-22). Há debate se 'mudança' (v.14) se refere à morte física ou transformação espiritual.
Tu chamarás, e eu te responderei. Terás saudades do trabalho das tuas mãos.
Mas agora, estás contando cada um dos meus passos; Procuras apenas o meu pecado.
Minha transgressão está numa bolsa selada, E selas meu erro com cola.
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A imagem do pecado 'selado num saco' sugere registro divino das transgressões. Paralelos em dt32:34-35 e ap20:12 mostram a persistência deste simbolismo na tradição bíblica.
Assim como uma montanha desmorona e se desintegra, E uma rocha sai do lugar,
Assim como a água desgasta as pedras E suas torrentes levam embora o solo, Da mesma maneira tu destróis a esperança do homem mortal.
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A referência à erosão por águas corrobora observações geológicas antigas. Arqueologia comprova conhecimento de processos erosivos no Oriente Médio antigo (ex: relevos assírios mostrando enchentes).
Tu prevaleces sobre ele até ele morrer; Mudas a aparência dele e o mandas embora.
Seus filhos são honrados, mas ele não sabe disso; Tornam-se insignificantes, mas ele não percebe.
Ele só sente a dor do seu próprio corpo; Ele só chora enquanto está vivo.”