Jó 12

2 Então Jó disse em resposta:
“Com certeza, vocês são os que sabem tudo, E a sabedoria morrerá com vocês!
*
Jó usa ironia para criticar a visão simplista dos amigos sobre sabedoria. A ideia de que a sabedoria 'morre' com eles reflete o conflito central do livro: a teologia da retribuição (prosperidade dos justos/sofrimento dos ímpios) não explica a realidade.
Mas eu também tenho entendimento. Não sou inferior a vocês. Quem não sabe essas coisas?
Eu me tornei motivo de riso para meus amigos, Alguém que invoca a Deus em busca de uma resposta. Um homem justo e irrepreensível é motivo de riso.
*
A zombaria sofrida por Jó, mesmo sendo 'justo e perfeito', questiona a doutrina tradicional de recompensa. Paralelos com Salmos 22:7-8, onde o sofredor é escarnecido.
A pessoa despreocupada despreza a calamidade, Achando que ela sobrevém apenas àqueles cujos pés estão vacilantes.
As tendas dos ladrões estão em paz, E os que provocam a Deus estão em segurança, Os que têm o seu deus nas mãos.
*
Jó aponta a contradição: opressores prosperam enquanto ele sofre. Similar a Salmos 73:3-12. Contexto histórico: na antiguidade, sucesso material era visto como sinal de bênção divina.
No entanto, pergunte aos animais, por favor, e eles o ensinarão; Também às aves dos céus, e elas o informarão.
*
A natureza como mestre de sabedoria antecipa o discurso de Deus em Jó 38-41. Também ecoa Romanos 1:20, onde a criação revela aspectos divinos.
Ou observe a terra, e ela o ensinará; E os peixes do mar lhe contarão.
Quem dentre todos eles não sabe Que foi a mão de Jeová que fez isso?
Ele tem nas mãos a vida de todos os seres vivos E o espírito de todos os humanos.
Não prova o ouvido as palavras, Assim como a língua saboreia a comida?
Não é a sabedoria encontrada entre os idosos, E a vida longa, não traz entendimento?
Com ele há sabedoria e poder; A ele pertencem o conselho e o entendimento.
*
Atributos divinos (sabedoria, força) repetidos em Daniel 2:20-23. Discussão teológica: Jó reconhece o poder de Deus, mas questiona sua justiça no próprio caso.
Quando ele derruba alguma coisa, ela não pode ser reconstruída; O que ele fecha nenhum homem pode abrir.
*
Metáforas do controle absoluto de Deus sobre catástrofes naturais. Relaciona-se com eventos como o dilúvio (Gênesis 7-8) e secas no Antigo Oriente (1 Reis 17:1).
Quando ele retém as águas, tudo se seca; Quando ele as envia, elas inundam a terra.
Com ele há força e sabedoria prática; Em suas mãos estão quem se desvia e quem desvia outros;
Ele faz os conselheiros andar descalços, E faz os juízes de tolos.
*
Deus como subversor de hierarquias humanas - tema comum em profetas (ex: Isaías 40:23) e Salmos 146:9. Contexto histórico: sociedades antigas viam líderes como representantes divinos; Jó desafia essa visão.
Solta as correntes impostas por reis, E prende uma corda na cintura deles.
Faz os sacerdotes andar descalços, E derruba os que estão firmemente estabelecidos no poder;
Ele silencia os conselheiros de confiança E tira a sensatez de homens idosos;
Derrama desprezo sobre os nobres, E faz os poderosos ficar fracos;
Ele revela coisas profundas da escuridão, E faz a luz brilhar sobre densas trevas;
*
Tema da revelação divina através de mistérios. Comparar com Daniel 2:22 sobre Deus revelando 'coisas profundas e ocultas'.
Faz nações se tornarem poderosas, para destruí-las; Faz nações crescerem, para levá-las ao exílio;
*
Visão cíclica do destino das nações - ecoa Atos 17:26. Arqueologia: registros assírios e babilônicos mostram ascensão/queda de impérios, interpretados como ação divina na mentalidade antiga.
Tira o entendimento dos líderes do povo E os faz vaguear por desertos sem caminho.
Eles andam tateando na escuridão, onde não há luz; Ele os faz vaguear como bêbados.