Eclesiastes 4

4 Novamente voltei minha atenção para todos os atos de opressão que ocorrem debaixo do sol. Vi as lágrimas dos oprimidos, mas não havia quem os consolasse. Os opressores deles tinham o poder, e não havia quem os consolasse.
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O verso reflete a crítica social comum no Antigo Oriente Médio. Opressões sistêmicas eram frequentes em sociedades estratificadas, como no Israel antigo, onde camponeses sofriam com altos impostos e trabalho forçado (1Reis 12:4).
E declarei felizes as pessoas que já tinham morrido, em vez das que ainda estão vivas.
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A ideia de que os mortos são mais felizes que os vivos ecoa Jó 3:11-19, mostrando um pessimismo existencial típico da literatura sapiencial.
E melhor do que todas elas é aquele que ainda não nasceu, que não viu as ações aflitivas praticadas debaixo do sol.
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A declaração radical sobre 'quem ainda não existe' é única na Bíblia. Alguns veem aqui influência do pensamento grego (como Teognis de Megara), questionando se partes de Eclesiastes foram escritas após o contato com a cultura helênica (séc. III a.C.).
E eu vi quanto esforço e trabalho habilidoso vêm da rivalidade entre as pessoas; isso também é vaidade, é correr atrás do vento.
O tolo cruza os braços e vai se definhando.
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'Come sua própria carne' pode ser mal interpretado. No contexto hebraico, significa autodestruição por negligência (contraste com Provérbios 6:10-11 sobre preguiça).
Melhor é um punhado de descanso do que dois punhados de trabalho árduo e correr atrás do vento.
Voltei minha atenção para outro exemplo de vaidade debaixo do sol:
um homem totalmente solitário, que não tem nenhuma companhia; não tem nem filho nem irmão, mas não há fim de todo o seu trabalho árduo. Seus olhos nunca se satisfazem com as riquezas. No entanto, será que ele se pergunta: “Para quem trabalho arduamente, privando-me de coisas boas?” Isso também é vaidade e uma ocupação penosa.
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A crítica ao trabalho solitário reflete a cultura coletivista israelita, onde o clã familiar era a base da sociedade. Arqueologia mostra casas multi-geracionais em sítios como Hazor.
Melhor dois do que um, porque eles têm boa recompensa pelo seu trabalho árduo.
Pois, se um deles cai, o outro pode ajudar seu companheiro a se levantar. Mas o que acontecerá com aquele que cai e não tem ninguém para ajudá-lo a se levantar?
Além disso, se dois se deitarem juntos, ficarão aquecidos; mas como pode alguém sozinho manter-se aquecido?
Também, alguém pode vencer a um que está só, mas dois juntos podem resistir ao agressor. E um cordão tríplice não pode ser facilmente rompido.
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O 'cordão de três dobras' gerou interpretações variadas: 1) União humana com Deus 2) Casal + filhos 3) Força simbólica (número três como perfeição). Nenhuma referência direta no AT, possivelmente um provérbio popular.
Melhor é um jovem pobre, mas sábio, do que um rei velho, mas tolo, que já não tem bom senso para ouvir conselhos.
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A história do prisioneiro que se torna rei lembra José (Gênesis 41:14) e o posterior conto grego de Díocles (séc. IV a.C.), levantando debates sobre influências literárias cruzadas.
Pois ele saiu da prisão para se tornar rei, embora tenha nascido pobre no domínio do outro.
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A autoria salomônica é questionada aqui: um rei 'velho e insensato' contrasta com 1Reis 3:9-12. Muitos estudiosos atribuem o livro a um sábio pós-exílico usando o pseudônimo de Salomão.
Considerei todos os vivos que andam debaixo do sol e o que acontece com o jovem sucessor, que se levanta no lugar do outro.
Embora a multidão que o apoia seja incontável, os que vêm depois não ficarão contentes com ele. Isso também é vaidade, é correr atrás do vento.