Diálogo de Justino Mártir com Trifão 106
Comentários ao salmo 22:23-24
Como Jesus sabia que seu Pai lhe concederia o que pedisse e o ressuscitaria dentre os mortos, exortou a todos os que temem a Deus para que o louvassem, pois tinha sido misericordioso com todo o gênero humano que crê, mediante sua morte na cruz. Ele se colocou no meio de seus irmãos, seus apóstolos, os quais, depois da ressurreição, persuadindo-se do que ele lhes havia dito antes sobre tudo aquilo que ele deveria sofrer e de que tudo estava anunciado pelos profetas, arrependeram-se de tê-lo abandonado quando foi crucificado. Estando no meio deles, entoou um hino a Deus, como consta nas Memórias dos Apóstolos. É o que declaram as palavras finais do salmo: “Narrarei o teu nome entre os meus irmãos e no meio da congregação entoarei hinos a ti. Louvai ao Senhor, vós que o temeis; glorificai-o, toda a descendência de Jacó. Tema-o, toda a descendência de Israel”.
O fato de Jesus ter mudado para Pedro o nome anterior de um de seus apóstolos e que esteja escrito nas Memórias que ele fez o mesmo com os filhos de Zebedeu, mudando-lhes o nome para Boanerges, isto é, filhos do trovão, significava que fora ele que dera os nomes de Jacó a Israel e o nome de Jesus a Ausés. E pelo nome de Jesus foi introduzido na terra prometida aos patriarcas aquilo que sobrou do povo que saiu do Egito.
Moisés manifestou que ele se levantaria como estrela em meio à descendência de Abraão, ao dizer: “Uma estrela de Jacó se levantará e um chefe de Israel”. E outra Escritura diz: “Eis um homem. Seu nome é Oriente”. Assim, ao levantar-se no céu uma estrela, logo que Cristo nasceu, como se narra nas Memórias de seus Apóstolos, os magos da Arábia, através dela, o reconheceram, foram e o adoraram.