Salmos 75

Damos-te graças, ó Deus, damos graças, pois perto está o teu nome; todos falam dos teus feitos maravilhosos.
Tu dizes: "Eu determino o tempo em que julgarei com justiça.
Quando treme a terra com todos os seus habitantes, sou eu que mantenho firmes as suas colunas. Pausa
*
A metáfora das 'colunas da terra' (v.3) era comum no Antigo Oriente Médio para descrever a estabilidade cósmica. Arqueólogos encontraram textos ugaríticos (século XIII a.C.) com expressões similares, mostrando que era um conceito cultural compartilhado.O termo 'Selá' (v.3) aparece 71 vezes nos Salmos. Sua origem é incerta - pode ser marcação musical (pausa ou interlúdio) ou sugestão de meditação.
Aos arrogantes digo: ‘Parem de vangloriar-se! ’ E aos ímpios: ‘Não se rebelem!
Não se rebelem contra os céus; não falem com insolência’ ".
Não é do Oriente nem do Ocidente nem do deserto que vem a exaltação.
É Deus quem julga: Humilha a um, a outro exalta.
*
O verso 7 ecoa 1 Samuel 2:7-8, onde Deus inverte as posições sociais. Essa teologia do 'rebaixamento/exaltação' seria radicalizada no NT (Lucas 1:52-53) como princípio do Reino de Deus.
Na mão do Senhor está um cálice cheio de vinho espumante e misturado; ele o derrama, e todos os ímpios da terra o bebem até a última gota.
*
O 'cálice da ira' (v.8) tornou-se símbolo do juízo divino no AT (Jeremias 25:15) e NT (Apocalipse 14:10). A 'mistura' pode se referir ao costume antigo de adicionar especiarias ao vinho para intensificar seu efeito.
Quanto a mim, para sempre anunciarei essas coisas; cantarei louvores ao Deus de Jacó.
Destruirei o poder de todos os ímpios, mas o poder dos justos aumentará.
*
A promessa de quebrar os ímpios e exaltar os justos (v.10) tem paralelo em Daniel 7:27. Críticos apontam contradição com Salmos 73 onde justos sofrem - a tensão entre teologia retributiva e realidade histórica permeia a literatura sapiencial.