Salmos 58

Será que vocês, poderosos, falam de fato com justiça? Será que vocês, homens, julgam retamente?
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O salmista questiona a justiça dos líderes religiosos ou governantes. A expressão 'congregação' (no hebraico 'elem') é controversa: alguns tradutores entendem como 'deuses' (referindo a juízes corruptos) ou 'poderosos'. Comparar com sal82:1 e ex22:28.
Não! No coração vocês tramam a injustiça, e na terra as suas mãos espalham a violência.
Os ímpios erram o caminho desde o ventre; desviam-se os mentirosos desde que nascem.
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A ideia de pecado desde o nascimento (vs. Sl51:5) gerou debates sobre pecado original. A imagem hiperbólica reflete ceticismo sobre a capacidade humana de justiça intrínseca.
Seu veneno é como veneno de serpente; tapam os ouvidos, como a cobra que se faz de surda
para não ouvir a música dos encantadores, que fazem encantamentos com tanta habilidade.
Quebra os dentes deles, ó Deus; arranca, Senhor, as presas desses leões!
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Imprecação violenta típica dos Salmos (como Sl137:9). Críticos apontam conflito com o 'amar os inimigos' (mt5:44), mas defensores argumentam ser metáfora de desarmar opressores (quebrar dentes = tirar poder de ferir).
Desapareçam como a água que escorre! Quando empunharem o arco, caiam sem força as suas flechas!
Sejam como a lesma que se derrete pelo caminho; como feto abortado, não vejam eles o sol!
Os ímpios serão varridos antes que as suas panelas sintam o calor da lenha, esteja ela verde ou seca.
Os justos se alegrarão quando forem vingados, quando banharem seus pés no sangue dos ímpios.
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O versículo sobre 'lavar pés no sangue' é polêmico. Alguns veem linguagem poética (como ap19:13), outros criticam a apologia à vingança. A tradução 'alegrará' varia: no hebraico, pode significar 'testemunhará a justiça' sem regozijo sádico.
Então os homens comentarão: "De fato os justos têm a sua recompensa; com certeza há um Deus que faz justiça na terra".
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Afirmação teológica central: a crença num Deus que intervém na história. Corrobora com descobertas de textos ugaríticos (séc. XIII a.C.) que mostram a expectativa comum no Oriente Médio antigo de deuses julgando a terra.