Salmos 55

Escuta a minha oração, ó Deus, não ignores a minha súplica;
ouve-me e responde-me! Os meus pensamentos me perturbam, e estou atordoado
diante do barulho do inimigo, diante da gritaria dos ímpios; pois aumentam o meu sofrimento e, irados, mostram seu rancor.
O meu coração está acelerado; os pavores da morte me assaltam.
Temor e tremor me dominam; o medo tomou conta de mim.
Então eu disse: "Quem dera eu tivesse asas como a pomba; voaria até encontrar repouso!
Sim, eu fugiria para bem longe, e no deserto eu teria o meu abrigo. Pausa
Eu me apressaria em achar refúgio longe do vendaval e da tempestade".
Destrói os ímpios, Senhor, confunde a língua deles, pois vejo violência e brigas na cidade.
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A expressão 'divide as suas línguas' pode aludir à Torre de Babel (gn11:7), onde Deus confundiu as línguas como juízo. A violência na cidade ecoa contextos de guerras ou conspirações políticas na história de Israel.
Dia e noite eles rondam por seus muros; nela permeiam o crime e a maldade.
A destruição impera na cidade; a opressão e a fraude jamais deixam suas ruas.
Se um inimigo me insultasse, eu poderia suportar; se um adversário se levantasse contra mim, eu poderia defender-me;
mas logo você, meu colega, meu companheiro, meu amigo chegado,
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A traição por um 'íntimo amigo' é associada por alguns a Judas (jo13:18) ou a conselheiros de Davi (como Aitofel, 2sm15:12). A dor de ser traído por alguém próximo reflete conflitos internos em reinados antigos.
você, com quem eu partilhava agradável comunhão enquanto íamos com a multidão festiva para a casa de Deus!
Que a morte apanhe os meus inimigos de surpresa! Desçam eles vivos para a sepultura, pois entre eles o mal acha guarida.
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O pedido para que os inimigos 'desçam ao inferno' (Sheol, morada dos mortos) é um imprecatório típico dos Salmos. Há debates éticos sobre essa linguagem, mas reflete a crença em um Deus que julga a maldade radical.
Eu, porém, clamo a Deus, e o Senhor me salvará.
À tarde, pela manhã e ao meio-dia choro angustiado, e ele ouve a minha voz.
Ele me guarda ileso na batalha, ainda que muitos estejam contra mim.
Deus, que reina desde a eternidade, me ouvirá e os castigará. Pausa Pois jamais mudam sua conduta e não têm temor de Deus.
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'Aquele que preside desde a antiguidade' reforça a visão de Deus como soberano eterno. 'Selá' (também no v.7) é termo musical/litúrgico, possivelmente indicando pausa ou reforço. A crítica à falta de temor a Deus alinha-se a profecias como is29:13.
Aquele homem se voltou contra os seus aliados, violando o seu acordo.
Macia como manteiga é a sua fala, mas a guerra está no seu coração; suas palavras são mais suaves que o óleo, mas são afiadas como punhais.
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A contradição entre palavras suaves e coração violento lembra a traição de Absalão (2sm15:1-6) ou a hipocrisia religiosa criticada por Jesus (mt23:27-28).
Entregue suas preocupações ao Senhor, e ele o susterá; jamais permitirá que o justo venha a cair.
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'Lança teu cuidado sobre o Senhor' é citado em 1pe5:7, mostrando apropriação cristã de temas de confiança divina. A promessa de sustento ao justo é central na teologia dos Salmos.
Mas tu, ó Deus, farás descer à cova da destruição aqueles assassinos e traidores, os quais não viverão a metade dos seus dias. Quanto a mim, porém, confio em ti.
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A ideia de que os violentos 'não vivem metade dos seus dias' corrobora estudos sobre expectativa de vida reduzida em contextos de conflito (ex.: guerras davídicas). Porém, não é regra universal, gerando discussões sobre teodiceia.