Miquéias 1

A palavra do Senhor que veio a Miquéias de Moresete durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá; a visão que ele teve acerca de Samaria e de Jerusalém:
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Miquéias profetizou durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias (século VIII a.C.), período de crise política e religiosa. Samaria (capital de Israel) e Jerusalém (capital de Judá) são alvos da crítica, pois ambas nações praticavam idolatria. A menção aos três reis liga o texto ao contexto assírio: Israel (Samaria) foi destruído pela Assíria em 722 a.C., e Judá (Jerusalém) enfrentou invasões (2rs18:9-13).
Ouçam, todos os povos; prestem atenção, ó terra e todos os que nela habitam; que o Senhor Soberano, do seu santo templo, testemunhe contra vocês.
Vejam! O Senhor já está saindo da sua habitação; ele desce e pisa os lugares altos da terra.
Debaixo dele os montes se derretem como cera diante do fogo, e os vales racham ao meio, como que rasgados pelas águas que descem velozes encosta abaixo.
Tudo por causa da transgressão de Jacó, dos pecados da nação de Israel. Qual é a transgressão de Jacó? Acaso não é Samaria? Qual é o altar idólatra de Judá? Acaso não é Jerusalém?
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Jacó aqui simboliza o reino do Norte (Israel), cuja 'transgressão' é Samaria (centro de idolatria). Judá, apesar de ter Jerusalém com o templo, também corrompeu-se com 'lugares altos' (altares pagãos). A crítica une ambos os reinos na infidelidade (1rs12:25-33).
"Por isso farei de Samaria um monte de entulho em campo aberto, um lugar para plantação de vinhas; atirarei as suas pedras no vale e porei a descoberto os seus alicerces.
Todas as suas imagens esculpidas serão despedaçadas e todos os seus ganhos imorais serão consumidos pelo fogo; destruirei todas as suas imagens. Visto que o que ela ajuntou foi como ganho da prostituição, como salário de prostituição tornará a ser usado. "
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A 'paga de prostituta' é metáfora para idolatria: Israel tratou as alianças com deuses estrangeiros como prostituição religiosa (os ídolos eram 'pagos' com ofertas). A punição será a destruição desses ídolos, ironicamente 'retribuída' com a própria ruína (os2:4-5).
Por causa disso chorarei e lamentarei; andarei descalço e nu. Uivarei como um chacal e gemerei como um filhote de coruja.
Pois a ferida de Samaria é incurável; e chegou a Judá. O flagelo alcançou até mesmo a porta do meu povo, até a própria Jerusalém!
Não contem isso em Gate, e não chorem. Habitantes de Bete-Ofra, revolvam-se no pó.
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Gate (cidade filisteia) e Afra (do hebraico 'aphar', pó) são citadas com trocadilhos: não chorar em Gate (para não alegrar inimigos) e 'revolver-se no pó' (sinal de luto) em Afra. Essas cidades, em Judá, indicam que o julgamento se espalhará além de Samaria.
Saiam nus e cobertos de vergonha, vocês que moram em Safir. Os habitantes de Zaanã não sairão de sua cidade. Bete-Ezel está em prantos; foi-lhe tirada a proteção.
Os que vivem em Marote se contorcem de dor aguardando alívio, porque a desgraça veio da parte do Senhor até às portas de Jerusalém.
Habitantes de Láquis, atrelem aos carros as parelhas de cavalos. Esse foi o início do pecado da cidade de Sião, pois as transgressões de Israel foram aprendidas com vocês.
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Laquis (2cr32:9) era uma cidade fortificada de Judá. Arqueólogos encontraram as 'Cartas de Laquis' (século VI a.C.), evidenciando sua importância estratégica. O 'princípio do pecado' pode referir-se à adoção de práticas pagãs de Israel (reino Norte) por Judá, contaminando Jerusalém ('filha de Sião').
Por isso vocês darão presentes de despedida a Moresete-Gate. A cidade de Aczibe se revelará enganosa aos reis de Israel.
Trarei um conquistador contra vocês, que vivem em Maressa. A glória de Israel irá a Adulão.
Rapem as suas cabeças em pranto por causa dos filhos nos quais vocês se tanto alegram; fiquem calvos como a águia, pois eles serão levados de vocês para o exílio.
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Raspar a cabeça era sinal de luto, mas proibido pela Lei (lv19:27-28). Miquéias descreve a humilhação extrema: o exílio (cativeiro assírio/babilônico) será tão devastador que até os costumes de luto serão violados.