Jó 5

"Clame, se quiser, mas quem o ouvirá? Para qual dos seres celestes você se voltará?
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Elifaz questiona se algum 'santo' (seres celestiais) responderá a Jó. Na cultura mesopotâmica, acreditava-se em intercessores divinos, mas o texto bíblico posterior rejeita essa ideia (1tm2:5).
O ressentimento mata o insensato, e a inveja destrói o tolo.
Eu mesmo já vi um insensato lançar raízes, mas de repente a sua casa foi amaldiçoada.
Seus filhos longe estão de desfrutar segurança, maltratados nos tribunais, não há quem os defenda.
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A menção aos filhos desprotegidos reflete a teologia da retribuição (culpa dos pais afetando os filhos), contrariando dt24:16. Isso mostra a visão limitada dos amigos de Jó.
Os famintos devoram a sua colheita, tirando-a até do meio dos espinhos, e os sedentos sugam a sua riqueza.
Pois o sofrimento não brota do pó, e as dificuldades não nascem do chão.
No entanto o homem nasce para as dificuldades tão certamente como as fagulhas voam para cima.
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A comparação do sofrimento humano com faíscas voando ilustra a visão de que a dor é inevitável, mas não necessariamente punitiva - um contraponto à tese de Elifaz.
"Mas, se fosse comigo, eu apelaria para Deus; apresentaria a ele a minha causa.
Ele realiza maravilhas insondáveis, milagres que não se pode contar.
Derrama chuva sobre a terra, e envia água sobre os campos.
Os humildes, ele os exalta, e traz os que pranteiam a um lugar de segurança.
Ele frustra os planos dos astutos, para que fracassem as mãos deles.
Apanha os sábios na astúcia deles, e as maquinações dos astutos são malogradas por sua precipitação.
As trevas vêm sobre eles em pleno dia; ao meio-dia eles tateiam como se fosse noite.
Ele salva o oprimido da espada que trazem na boca; salva-o das garras dos poderosos.
Por isso os pobres têm esperança, e a injustiça cala a boca.
"Como é feliz o homem a quem Deus corrige; portanto, não despreze a disciplina do Todo-poderoso.
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A ideia de que a repreensão divina é benéfica (pv3:11-12) é questionada no contexto de Jó, já que ele era inocente. Isso expõe a falha da teologia da retribuição.
Pois ele fere, mas dela vem tratar; ele machuca, mas suas mãos também curam.
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O paradoxo 'Deus fere e cura' ecoa em dt32:39, mostrando a soberania divina, mas também problematiza a origem do sofrimento.
De seis desgraças ele o livrará; em sete delas você nada sofrerá.
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O número 7 simboliza completude. A promessa de proteção total contrasta com a realidade de Jó, revelando a superficialidade do conselho de Elifaz.
Na fome ele o livrará da morte, e na guerra o livrará do golpe da espada.
Você será protegido do açoite da língua, e não precisará ter medo quando a destruição chegar.
Você rirá da destruição e da fome, e não precisará temer as feras da terra.
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A imunidade à destruição contradiz a experiência de Jó. A ironia é que ele já perdeu tudo, mostrando a inadequação do discurso tradicional.
Pois fará aliança com as pedras do campo, e os animais selvagens estarão em paz com você.
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A paz com animais selvagens lembra promessas messiânicas (is11:6-9), mas aqui é usada como recompensa terrena, revelando uma compreensão limitada da justiça divina.
Você saberá que a sua tenda é segura; contará os seus bens da tua morada e de nada achará falta.
Você saberá que os seus filhos serão muitos, e que os seus descendentes serão como a relva da terra.
Você irá para a sepultura em pleno vigor, como um feixe recolhido no devido tempo.
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A morte na velhice como bênção contrasta com o fim real de Jó (restauração após o sofrimento), mostrando que a visão de Elifaz é incompleta.
"Foi isso que verificamos ser verdade. Portanto, ouça e aplique isso à sua vida".
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A afirmação de autoridade ('já o havemos inquirido') é ironicamente desmentida por Jó 42:7, onde Deus reprova os amigos.