Jó 37

Sobre isto também treme o meu coração, e se move de seu lugar.
Ouvi atentamente o barulho da sua voz, e o som que sai da sua boca.
Ele o direciona debaixo de todo o céu, e a sua luz até aos confins da terra.
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Aqui, Eliu descreve o controle divino sobre os fenômenos naturais, como relâmpagos (v.3). A ideia de Deus usar elementos naturais como mensageiros aparece também em Salmos 104:4 e 147:15-18.
Depois disto ruge uma voz; ele troveja com a voz de sua excelência; e ele não os deterá quando a sua voz for ouvida.
Deus troveja maravilhosamente com a sua voz; grandes coisas ele faz, as quais não podemos compreender.
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O trovejar como voz divina é um tema recorrente (Sl 29:3-9). A ênfase na incompreensão humana ante o poder de Deus prepara o discurso final do próprio Javé nos capítulos 38-41.
Porque à neve diz: Sê sobre a terra; como também à garoa e à forte chuva de sua força.
Ele sela as mãos de todo o homem, para que todos os homens possam conhecer a sua obra.
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A expressão 'sela as mãos' pode referir-se ao inverno rigoroso que impedia o trabalho agrícola. Arqueologicamente, tabletes mesopotâmicos como o 'Almanaque do Fazendeiro' (c. 1700 a.C.) descrevem práticas de proteção contra intempéries.
Então os animais entram nos seus covis, e permanecem em seus lugares.
Do sul vem o redemoinho de vento; e do norte o frio.
Pelo sopro de Deus se dá a geada, e a largura das águas é estreitada.
Carrega de umidade a densa nuvem, ele dispersa sua nuvem brilhante;
que giram e dão voltas pelos seus conselhos, para que façam o que quer que ele as comande sobre a face do mundo na terra.
Ele a faz vir, seja por correção, ou por sua terra, ou por misericórdia.
Ouve isto, ó Jó; para, e considera as obras maravilhosas de Deus.
Acaso tu sabes quando Deus as dispôs, e fez brilhar a luz da sua nuvem?
Conheces tu o equilíbrio das nuvens, e as obras maravilhosas daquele que é perfeito em conhecimento?
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A menção ao 'equilíbrio das nuvens' reflete cosmologia antiga, onde se acreditava numa abóboda celeste sólida sustentando águas superiores (Gn 1:6-8). Isso contrasta com o conhecimento meteorológico moderno, mas encontra paralelos em textos ugaríticos e egípcios.
Como as tuas roupas são aquecidas, quando ele aquieta a terra com o vento do sul?
Estendeste com ele o céu, que é forte e como um espelho fundido?
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A imagem dos céus como 'espelho fundido' alude à crença numa cúpula metálica sólida (hebraico 'raqia'). Descobertas como o Mapa de Babilônia (séc. VI a.C.) mostram que esta visão era comum no Antigo Oriente Próximo.
Ensina-nos o que lhe diremos; porque não podemos ordenar nosso discurso, por causa das trevas.
Ser-lhe-á contado que eu falo? Se um homem falar, certamente ele será engolido.
E agora os homens não veem a luz brilhante que está nas nuvens; mas o vento passa e as limpa.
Bom tempo vem do norte; em Deus há uma tremenda majestade.
Ao Todo-Poderoso, não conseguimos alcançá-lo; ele é excelente em poder, e em juízo, e em plenitude de justiça; ele não afligirá.
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Esta declaração sobre a inacessibilidade divina contrasta com o Novo Testamento (Jo 1:18), mas estabelece base para a teologia da transcendência divina. Filósofos gregos contemporâneos como Xenófanes expressavam ideias semelhantes sobre a divindade.
Os homens, portanto, o temem; ele não respeita ninguém que seja sábio de coração.
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A crítica aos 'sábios de coração' ecoa Isaías 5:21 e antecipa Paulo em 1 Coríntios 1:19-20. Papiros de sabedoria egípcia como 'As Admoestações de Ipuwer' (c. 1850 a.C.) também alertavam contra a arrogância intelectual.