Ezequiel 27

A palavra do SENHOR veio novamente a mim, dizendo:
Agora tu, ó filho do homem, levanta uma lamentação por Tiro.
E dize a Tiro: Ó tu que estás situada à entrada do mar, que és um mercador para as pessoas de muitas ilhas; assim diz o Senhor DEUS: Ó Tiro, tu disseste: Eu sou de perfeita beleza.
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Tiro era uma cidade-estado fenícia famosa por seu comércio e riqueza. Sua localização estratégica no Mediterrâneo a tornou um centro econômico poderoso. A 'perfeição em formosura' reflete seu orgulho e autossuficiência, tema central na crítica profética.
Tuas fronteiras estão no meio dos mares, teus construtores aperfeiçoaram a tua beleza.
Das árvores dos ciprestes de Senir fizeram as tábuas do navio; tiraram cedros do Líbano para fazerem mastros para ti.
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Senir é outro nome para o Monte Hermom (cf. deuterocanônico Eclesiástico 24:13; dt3:9). O uso de cedros do Líbano na construção naval é corroborado por registros históricos e achados arqueológicos que mostram a exportação dessa madeira para várias civilizações.
Dos carvalhos de Basã eles fizeram os teus remos; a companhia de assuritas fez teus bancos de marfim, trazidos das ilhas de Quitim.
Fino linho com trabalho bordado do Egito foi o que tu estendeste adiante para ser a tua vela; azul e púrpura das ilhas de Elisá foi o que te cobriu.
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Elisá é associada a Chipre, conhecida na antiguidade pela produção de púrpura, corante extraído de moluscos. Escavações em Chipre revelaram vestígios de oficinas de tingimento do período fenício, confirmando essa atividade econômica.
Os habitantes de Sidom e de Arvade foram os teus marinheiros; os teus homens sábios, ó Tiro, que haviam em ti, eram os teus pilotos.
Os anciãos de Gebal e seus homens sábios calafetavam tuas junturas; todos os navios do mar com seus marinheiros traficavam tua mercadoria.
Aqueles da Pérsia, os de Lude, e os de Pute estavam no teu exército, teus homens de guerra; eles penduraram em ti os seus escudos e os seus elmos; estabeleceram a tua beleza.
Os homens de Arvade com o teu exército estavam sobre os teus muros em redor, e os gamaditas estavam nas tuas torres; eles penduraram os seus escudos nos teus muros em redor; eles fizeram a tua beleza perfeita.
Társis era teu mercador por causa da multidão de todos tipo de riquezas; com prata, ferro, estanho e chumbo, negociavam em tuas feiras.
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Társis pode ser Tartessos, na Espanha, região rica em metais. Arqueólogos encontraram artefatos fenícios na Península Ibérica, comprovando rotas comerciais entre o Mediterrâneo oriental e o Atlântico.
Javã, Tubal e Meseque eram teus mercadores; negociavam os homens e vasos de bronze em teu mercado.
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Javã, Tubal e Meseque são identificados com regiões da Anatólia (atual Turquia). A menção ao comércio de 'pessoas' refere-se à escravidão, prática comum nas redes comerciais da época, conforme documentado em registros assírios.
Os da casa de Togarma negociavam em tuas feiras com cavalos e cavaleiros, e mulas.
Os homens de Dedã eram os teus mercadores; muitas ilhas eram a mercadoria da tua mão; te trouxeram de presente chifres de marfim e ébano.
A Síria era tua mercadora por causa da multidão de mercadorias feitas por ti; eles ocupavam as tuas feiras com esmeraldas, púrpura, trabalho bordado, linho fino, coral e ágata.
Judá e a terra de Israel eram os teus mercadores; eles negociavam no teu mercado trigo de Minite, e Panague, e mel, azeite e bálsamo.
Damasco era teu mercador pela multidão de produtos feitos por ti, pela multidão de todas as riquezas, pelo vinho de Helbom e lã branca.
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Helbom (atual Labweh) era famosa por seu vinho, citado em textos assírios como tributo. Damasco, capital da Síria, mantinha intenso comércio com Tiro, conforme atestam tabletes cuneiformes do século VIII a.C.
Dã e também Javã, indo e vindo ocupava em tuas feiras; ferro brilhante, cássia e cálamo estavam no teu mercado.
Dedã era teu mercador por causa de preciosas roupas e por carruagens.
A Arábia, e todos os príncipes de Quedar, se ocupavam em ti por causa dos cordeiros e carneiros, e bodes; nisto eles eram os teus mercadores.
Os mercadores de Sabá e Raamá eram os teus mercadores; eles ocupavam em tuas feiras com os chefes de todas as especiarias, e com todas as pedras preciosas e ouro.
Harã e Cane, e Éden, os mercadores de Sabá, Assur e Quilmade eram teus mercadores.
Estes eram teus mercadores em todos os tipos de coisas, em roupas azuis, e trabalhos bordados, e em baús de rico vestuário, amarrados com cordas e feitos de cedros, entre tua mercadoria.
Os navios de Társis cantavam sobre ti no teu mercado, e tu foste reabastecida, e tornada muito gloriosa no meio dos mares.
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Os 'navios de Társis' simbolizavam embarcações de longo curso. A queda de Tiro é descrita como consequência de seu orgulho excessivo (cf. isaías 23:1-18; ezequiel 28:1-19), tema recorrente nas críticas proféticas a nações poderosas.
Os teus remadores te trouxeram para grandes águas; o vento leste te quebrou no meio dos mares.
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O 'vento oriental' representa Nabucodonosor, que sitiou Tiro por 13 anos (585–572 a.C.), embora historicamente a cidade tenha resistido parcialmente. A destruição total só ocorreria com Alexandre Magno em 332 a.C., gerando debates sobre o cumprimento da profecia.
As tuas riquezas, as tuas feiras, e tuas mercadorias, os teus marinheiros, os teus pilotos, teus calafetadores, os ocupantes da tua mercadoria, e todos os homens de guerra, que estão em ti, e em toda a tua companhia que está no meio de ti cairão no meio dos mares no dia da tua ruína.
Os arredores sacudirão ao som do grito de teus pilotos.
E todos os que manejam o remo, os marinheiros, e todos os pilotos do mar descerão de seus navios, e eles ficarão sobre a terra.
E farão com que sua voz seja ouvida contra ti, e gritarão amargamente; e lançarão pó sobre suas cabeças, e eles chafurdar-se-ão nas cinzas.
E far-se-ão totalmente calvos por ti, e cingir-se-ão de pano de saco, e chorarão por ti com amargura de coração, e amargo pranto.
E, em seu pranto levantarão uma lamentação por ti, e lamentarão sobre ti, dizendo: Que cidade é como Tiro, como a que foi destruída no meio do mar?
Quando as tuas mercadorias saiam pelos mares, fartaste a muitas pessoas; enriqueceste os reis da terra com a multidão das tuas riquezas e da tua mercadoria.
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A influência econômica de Tiro é confirmada por fontes extrabíblicas. O historiador grego Heródoto descreveu seu templo de Hércules/Melqart como um centro de riqueza, e inscrições fenícias atestam suas colônias comerciais, como Cartago.
No tempo quando tu fores quebrada pelos mares, nas profundezas das águas, tua mercadoria e toda a tua companhia no meio de ti cairá.
Todos os habitantes das ilhas se espantarão contigo, e seus reis terão muito medo, tribular-se-ão em seu semblante.
Os mercadores dentre as pessoas assobiarão para ti; tu serás um terror, e nunca mais existirás.