Lucas 18

Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, sem nunca desistir. Ele dizia:
“Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus e não respeitava homem algum.
Na mesma cidade havia uma viúva, que ia à procura do juiz, pedindo: ‘Faça-me justiça contra o meu adversário!’
Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim ele pensou: ‘Eu não temo a Deus e não respeito homem algum;
mas essa viúva já está me aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não fique me incomodando’.”
E o Senhor acrescentou: “Escutem o que está dizendo esse juiz injusto.
E Deus não faria justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar?
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Deus é contrastado com o juiz injusto: se até um corrupto faz justiça por insistência, quanto mais Deus, que é perfeito. A 'tardança' não significa falta de atenção, mas timing divino (2pe3:9).
Eu lhes declaro que Deus fará justiça para eles, e bem depressa. Mas, o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar a fé sobre a terra?”
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A pergunta sobre a fé ao fim dos tempos reflete preocupação escatológica. 'Filho do homem' remete a dn7:13-14, título messiânico usado por Jesus para afirmar sua divindade e papel no juízo final.
Para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola:
“Dois homens subiram ao Templo para rezar; um era fariseu, o outro era cobrador de impostos.
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Fariseus eram religiosos rigorosos; publicanos, coletores de impostos aliados a Roma, odiados pelo povo. A parábola inverte expectativas: o marginalizado é justificado, não o religioso.
O fariseu, de pé, rezava assim no seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço, porque não sou como os outros homens, que são ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse cobrador de impostos.
Eu faço jejum duas vezes por semana e dou o dízimo de toda a minha renda’.
O cobrador de impostos ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!’
Eu declaro a vocês: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado.”
Alguns levaram criancinhas para que Jesus tocasse nelas. Vendo isso, os discípulos as repreendiam.
Jesus, porém, chamou os discípulos e disse: “Deixem as crianças vir a mim. Não lhes proíbam, porque o Reino de Deus pertence a elas.
Eu garanto a vocês: Quem não receber como criança o Reino de Deus, nunca entrará nele.”
Uma pessoa importante perguntou a Jesus: “Bom Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?”
Jesus respondeu: “Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e ninguém mais.
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Jesus questiona 'bom' não para negar sua divindade, mas para levar o homem a refletir: se só Deus é bom, chamá-lo assim seria reconhecer sua natureza divina (jo10:30).
Você conhece os mandamentos: não cometa adultério; não mate; não roube; não levante falso testemunho; honre seu pai e sua mãe.”
O homem disse: “Desde jovem tenho observado todas essas coisas.”
Ouvindo isso, Jesus disse: “Falta ainda uma coisa para você fazer: venda tudo o que você possui, distribua o dinheiro aos pobres, e terá um tesouro no céu. Depois venha e siga-me.”
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A ordem para vender tudo é específica ao caso, pois o dinheiro era o ídolo do homem. Não é regra geral (ver at5:4 onde Ananias não é condenado por guardar bens), mas sobre prioridades.
Quando ouviu isso, o homem ficou triste, porque era muito rico.
Vendo isso, Jesus disse: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!
De fato, é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus.”
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'Camelo pelo fundo de agulha': hipérbole para mostrar a impossibilidade humana de salvação sem Deus (v.27). Teorias alternativas (portão estreito em Jerusalém) não têm base histórica ou arqueológica.
Os que ouviram isso, disseram: “Então, quem pode ser salvo?”
Jesus disse: “As coisas impossíveis para os homens são possíveis para Deus”.
Então Pedro disse: “Vê: nós deixamos os nossos bens e te seguimos.”
Jesus disse: “Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, mulher, irmãos, pais, filhos, por causa do Reino de Deus,
não ficará sem receber muito mais durante esta vida e, no mundo futuro, vai receber a vida eterna.”
Jesus chamou à parte os Doze, e disse: “Vejam: estamos subindo para Jerusalém, e vai se cumprir tudo o que foi escrito pelos profetas a respeito do Filho do Homem.
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Cumprimento profético refere-se a textos como is53 (sofrimento), sl22:16-18 (crucificação) e os26:23 (ressurreição). Os discípulos não entendiam porque esperavam um messias político, não sacrificial.
Pois ele será entregue aos pagãos, será caçoado, ultrajado e coberto de cuspidas.
Eles vão torturá-lo e matá-lo, e no terceiro dia ele vai ressuscitar.”
Mas, eles não compreenderam nada disso. Essa palavra era obscura para eles, e não compreendiam o que Jesus dizia.
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A incompreensão dos discípulos é comum em Lucas (9:45; 24:16). Mostra que só após a ressurreição entenderiam o plano messiânico (24:45-47).
Quando Jesus se aproximava de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho, pedindo esmolas.
Ouvindo a multidão passar, ele perguntou o que estava acontecendo.
Disseram-lhe que Jesus Nazareno passava por ali.
Então o cego gritou: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”
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'Filho de Davi' era título messiânico (is11:1-10). O cego reconhece Jesus como cumprimento da promessa real, algo que até os discípulos demoraram a aceitar (mt16:16).
As pessoas que iam na frente mandavam que ele ficasse quieto. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!”
Jesus parou e mandou que levassem o cego até ele. Quando o cego chegou perto, Jesus perguntou:
“O que quer que eu faça por você?” O cego respondeu: “Senhor, eu quero ver de novo.”
Jesus disse: “Veja. A sua fé curou você.”
No mesmo instante, o cego começou a ver e seguia Jesus, glorificando a Deus. Vendo isso, todo o povo louvou a Deus.