Jó 18

Baldad de Suás tomou a palavra e disse:
“Quando é que você vai acabar com esse palavreado? Pense bem, e depois conversaremos.
Por que você nos considera como animais e pensa que somos idiotas?
Você se dilacera com sua própria raiva. Será que a terra vai ficar desabitada por sua causa? Ou será que as rochas vão mudar de lugar?
A luz do injusto se apagará, e o fogo do seu lar não brilhará mais.
A luz de sua tenda se escurecerá, e a lâmpada que está sobre ele se apagará.
Os seus passos vigorosos ficarão curtos, e os seus próprios projetos o derrubarão.
Com seus próprios pés ele cai numa rede e caminha sobre uma armadilha.
Um laço o prende pelo calcanhar, e o segura firme.
A corda está escondida no chão, e a armadilha no seu caminho.
Os terrores o rodeiam e amedrontam, perseguindo-o em cada passo.
A sua prosperidade se transformará em carestia, e a desgraça estará de pé a seu lado.
A doença devora sua pele, e a peste rói seus membros.
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A expressão 'primogênito da morte' é enigmática. Alguns interpretam como metáfora para doença mortal, outros veem alusão a Mot, deus cananeu da morte. A ambiguidade do hebraico permite ambas as leituras.A menção de 'devorar membros' reforça a ideia de deterioração física extrema, comum em descrições de juízo divino na literatura sapiencial.
Será arrancado de sua tenda na qual confiava e será arrastado à presença do rei dos terrores.
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'Rei dos terrores' é provável personificação da morte, refletindo concepções do Antigo Oriente Médio sobre o além-vida. A imagem ecoa textos como Salmos 55:4-5 sobre angústia mortal.
Já se pode habitar na tenda que não pertence mais a ele, espalhando-se enxofre na sua moradia.
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O enxofre (ou fogo) como instrumento de juízo divino remete à destruição de Sodoma (Gênesis 19:24). Arqueólogos debatem se o evento teria relação com vestígios de queimaduras em Tall el-Hammam, Jordânia (séc. XVII AEC).
Em baixo, suas raízes secarão e, no alto, seus ramos serão cortados.
Sua lembrança desaparecerá da terra, e seu nome será esquecido na vizinhança.
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A extinção da memória do ímpio contrasta com a importância da perpetuação do nome no Antigo Oriente. Paralelos em Provérbios 10:7 e Eclesiastes 9:5.
Será expulso da luz para as trevas, e exilado para fora do mundo.
Não terá família nem filhos entre seu povo, e não deixará sobrevivente em seu território.
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A falta de descendência era considerada maldição máxima (Deuteronômio 25:5-6). Bildade usa isso como argumento retórico, embora Jó posteriormente seja restaurado (Jó 42:13).
O ocidente se espantará com o destino dele, e o oriente ficará horrorizado.
Esse é o destino do injusto, a situação de quem não reconhece a Deus”.