Jeremias 28

Nesse mesmo ano, ao começar o reinado de Sedecias em Judá, no quarto ano, no quinto mês, Hananias, filho de Azur, que era profeta em Gabaon, falou comigo no Templo de Javé, diante dos sacerdotes e de todo o povo, dizendo:
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Zedequias foi o último rei de Judá antes da destruição de Jerusalém em 586 a.C. O 'ano quarto' (593 a.C.) situa o evento após a primeira deportação para a Babilônia (597 a.C.), mas antes da revolta que levaria à queda final. Gibeom era uma cidade próxima a Jerusalém, com importância religiosa desde os tempos de Salomão (1rs3:4-5).
“Assim diz Javé dos exércitos, o Deus de Israel: Quebro o jugo do rei da Babilônia.
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Hananias contradiz Jeremias, que pregava submissão à Babilônia (jr27:8-11). O 'jugo' era um símbolo físico usado por Jeremias para representar a dominação babilônica (jr27:2). A falsa promessa de libertação imediata gerou conflito entre os profetas.
Dentro de dois anos vou trazer de volta para este lugar todos os objetos do Templo de Javé que Nabucodonosor, rei da Babilônia, pegou e levou para a Babilônia.
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A previsão de Hananias falhou: os utensílios do templo só retornaram 70 anos depois, sob Ciro (ed1:7-11). Nabucodonosor levou os objetos em 597 a.C., mas destruiu o templo em 586 a.C., tornando impossível o cumprimento em 2 anos.
Também vou trazer de volta Jeconias, fi­­lho de Joaquim, rei de Judá, e todos os exilados de Judá levados para a Babilônia — oráculo de Javé — porque vou quebrar o jugo do rei da Babilônia”.
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Jeconias (Jeoaquim) foi deportado para a Babilônia em 597 a.C. e nunca retornou, conforme registrado nas Crônicas Babilônicas. Tabletes arqueológicos mencionam ele recebendo rações na Babilônia, confirmando seu exílio permanente.
Na presença dos sacerdotes e de todo o povo que estava no Templo de Javé, o pro­­feta Jeremias respondeu ao profeta Ha­­nanias,
dizendo: “Amém! Que assim faça Javé. Que Javé confirme o que você profetizou, trazendo da Babilônia para cá os objetos do Templo de Javé e todos os exilados.
Entretanto, escute o que eu vou dizer a você e a todo o povo:
Os pro­fetas que existiram antes de mim e antes de você, desde os tempos antigos, profetizaram guerra, calamidade e peste para muitos países e reinos poderosos.
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Jeremias estabelece um critério para discernir profetas verdadeiros: aqueles que predizem desgraça são mais confiáveis, pois a paz fácil frequentemente escondia falsas promessas (comparar com dt18:21-22).
E quanto ao profeta que prometia felicidade, só quando a sua profecia se realizar é que ele será reconhecido como profeta realmente enviado por Javé”.
Então Hananias pegou a canga que estava no pescoço de Jeremias e a quebrou.
Em seguida, falou diante do povo: “Assim diz Javé: Desta mesma forma, dentro de dois anos, eu quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei da Babilônia, que está no pescoço de todas as nações”. E o profeta Jeremias foi embora.
Depois que Hananias quebrou a canga que estava no pescoço de Jeremias, este recebeu uma palavra de Javé:
“Vá dizer a Hananias o seguinte: Assim diz Javé: Você quebrou uma canga de madeira, e eu vou substituí-la por uma canga de ferro.
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O jugo de ferro simboliza o agravamento da opressão babilônica após a rebelião de Zedequias. A profecia se cumpriu na destruição total de Jerusalém (586 a.C.), mais severa que o exílio anterior.
Porque assim diz Javé dos exércitos, o Deus de Israel: É uma canga de ferro que eu vou colocar no pescoço de todas as nações, para que estejam subjugadas a Nabucodonosor, rei da Babilônia”.
Em seguida, o profeta Jeremias falou ao profeta Hananias: “Escute-me, Hananias: não foi Javé quem mandou você, e você está fazendo esse povo acreditar numa mentira.
Por isso, assim diz Javé: Mandarei você embora da face da terra; ainda este ano você morrerá, por ter anunciado rebeldia contra Javé”.
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A morte de Hananias no mesmo ano (v.17) serve como confirmação divina da autoridade de Jeremias. Na teologia deuteronomista, o cumprimento imediato de uma maldição validava o profeta (dt18:20).
E Hananias morreu nesse mesmo ano, no sétimo mês.