Jó 22

Elifaz de Temã tomou a palavra e disse:
“Por acaso pode o homem ser útil a Deus, uma vez que o sábio só pode no máximo ajudar a si próprio?
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Elifaz argumenta que a justiça humana não beneficia a Deus, apenas ao próprio homem (visão utilitarista da fé). Isso contradiz passagens como Sl8:4-5, que destacam o valor do homem aos olhos divinos.
O que importa ao Todo-poderoso se você é justo? O que ele ganha, se você é íntegro?
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A pergunta retórica sugere que Deus não 'precisa' da justiça humana. Porém, Ez18:21-23 mostra que Deus sim se alegra com o arrependimento, indicando uma tensão teológica sobre a relação entre a conduta humana e a vontade divina.
Será que é por causa da fidelidade de você que ele o reprova, ou convoca você para o julgamento?
Não será antes pela sua grande maldade e pelas suas incontáveis culpas?
De fato, você penhorava os bens de seus irmãos e despojava os outros até deixá-los nus.
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A acusação de penhorar injustamente irmãos viola a Lei Mosaica (Ex22:26-27). Porém, o texto não especifica se Elifaz baseia-se em fatos reais ou apenas em suposições sobre a causa do sofrimento de Jó.
Você não oferecia água ao sedento, e negava pão ao faminto.
Você entregava a terra aos poderosos, e aí se instalavam os privilegiados.
Você despedia as viúvas de mãos vazias, e violava o direito dos órfãos.
É por isso que você está preso nos laços e perturbado por terrores fulminantes.
A escuridão não deixa você enxergar; e você está coberto pela enchente das águas.
Será que Deus não está no mais alto do céu? Veja bem como é alto o arco do céu estrelado!
E você ainda diz: ‘O que sabe Deus? Será que ele é capaz de distinguir através das nuvens escuras?
As nuvens são como véu e o impedem de ver, enquanto ele passeia pelo firmamento do céu’.
Por acaso você quer seguir o antigo caminho batido por homens perversos,
arrastados antes do tempo, quando a enchente de um rio desmoronou seus alicerces?
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A referência ao dilúvio que destruiu os ímpios pode aludir à narrativa de Gn7:11-12. Porém, alguns estudiosos questionam se seria uma tradição local mesopotâmica, já que o dilúvio universal era um tema comum no antigo Oriente Médio.
Eles diziam a Deus: ‘Afasta-te de nós. O que pode o Todo-poderoso fazer contra nós?’
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A citação 'Retira-te de nós' ecoa a atitude dos ímpios descrita em Jó21:14-15, mostrando como Elifaz distorce as próprias palavras de Jó para acusá-lo.
Deus tinha enchido de bens a casa deles, e eles o excluíam de seus projetos perversos.
Os justos agora veem e se alegram, e os inocentes zombam deles:
‘Acabaram as riquezas deles! O fogo devorou o que haviam ganhado!’
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A tradução 'nosso adversário' (hebraico 'tsar') é polêmica. Alguns manuscritos sugerem 'sua prosperidade', mudando o sentido. A referência ao fogo pode aludir a Sodoma (Gn19:24), mas a aplicação ao contexto de Jó é incerta.
Vamos, reconcilie-se e faça as pazes com Deus. E você vai ser novamente feliz.
Aceite a instrução da boca de Deus e guarde no coração as palavras dele.
Se você voltar para o Todo-poderoso, ele o restabelecerá. Afaste a injustiça de sua tenda,
jogue seu ouro ao pó, e o ouro de Ofir entre as pedras do rio.
Então o Todo-poderoso será o seu ouro, e também prata aos montes.
Então você se alegrará com o Todo-poderoso, e erguerá o rosto para Deus.
Ele ouvirá as suas súplicas, e você cumprirá o que havia prometido.
Você fará um projeto, que se realizará, e a luz brilhará em seu caminho.
Porque ele humilha os arrogantes e salva os que se humilham.
Ele liberta o homem inocente, e você será salvo pela pureza de suas próprias mãos”.
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A afirmação de que até o 'não inocente' seria salvo pela pureza de Jó é contraditória com Ez14:14-20. Isso reflete a teologia da retribuição coletiva, comum na época, mas questionada pelo próprio livro de Jó.