Cânticos 1

O mais belo cântico de Salomão.
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Atribuição tradicional a Salomão, mas há debate acadêmico. A linguagem sugere hebraico tardio (séc. III a.C.), questionando a autoria salomônica (séc. X a.C.). Alguns defendem que 'de Salomão' significa 'dedicado a Salomão' em vez de autoria direta.
Beije-me com os beijos de sua boca! Seus amores são melhores do que o vinho,
o odor de seus perfumes é suave, seu nome é como óleo escorrendo, e as donzelas se enamoram de você...
Arraste-me com você, corramos! Leve-me, ó rei, aos seus aposentos, e exultemos! Alegremo-nos em você! Mais que ao vinho, celebremos seus amores! Com razão se enamoram de você...
Sou morena, mas formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Cedar e os pavilhões de Salma.
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'Morena' (hebr. 'shachor') reflete preconceito antigo contra pele bronzeada (associada a trabalho rural). A mulher desafia estereótipos, afirmando beleza na diferença - raro em textos antigos. Quedar: tribo árabe nômade (Is 42:11), cujas tendas negras eram famosas.
Não reparem se eu sou morena: foi o sol que me queimou. Os filhos da minha mãe se voltaram contra mim, me obrigaram a guardar as vinhas, e a minha vinha, a minha... eu não a pude guardar.
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Indignação familiar reflete estruturas patriarcais: irmãos controlavam a sexualidade feminina (Ct 8:8-9). Trabalho forçado em vinhas alheias versus abandono da própria vinha (metáfora para cuidado pessoal ou relacionamento) mostra conflito entre obrigações familiares e desejos pessoais.
Avise-me, amado de minha alma, onde você apascenta e faz descansar o rebanho ao meio-dia, para que eu não fique vagando perdida entre os rebanhos de seus companheiros.
Se você não sabe, ó mais bela das mulheres, siga o rastro das ovelhas e leve as cabras a pastar junto às tendas dos pastores.
Minha amada, eu comparo você à égua atrelada ao carro do Faraó!
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Comparação com éguas de carros reais egípcios (elogiando graça e força) é paradoxal: cavalos eram raros em Israel (1Rs 10:28-29). Faraó aqui pode ser título genérico, não referência histórica específica.
Que beleza suas faces entre os brincos, seu pescoço, com colares!
Faremos para você pingentes de ouro cravejados de prata.
— Enquanto o rei está em seu divã, o meu nardo difunde seu perfume.
Um saquinho de mirra é para mim o meu amado, repousando entre meus seios.
O meu amado é para mim um cacho de cipro florido entre as vinhas de Engadi.
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En-Gedi: oásis real no deserto da Judeia (1Sm 24:1). Arqueologia comprova assentamentos desde 4.000 a.C., famoso por palmeiras e bálsamo (Eclo 24:14). A hena era planta ornamental e cosmética, simbolizando luxo em ambiente árido.
—Como você é bela, minha amada, como você é bela!... Seus olhos são pombas.
Como você é belo, meu amado, e que doçura! Nosso leito é todo relva.
—As vigas da nossa casa são de cedro, e seu teto, de ciprestes.
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Cedro e cipreste: madeiras nobres importadas (Lb 4:11). Cedro do Líbano era símbolo de realeza (2Sm 5:11). Arqueologia confere uso em construções palaciais, embora incomuns em casas comuns - aqui provavelmente metáfora para relação sólida e duradoura.