Eclesiástico 44

Façamos o elogio dos homens ilustres, que são nossos antepassados através das gerações.
O Senhor criou uma glória imensa, mostrou sua grandeza desde o início dos séculos.
Alguns governaram seu reinos e ficaram famosos por seu poder; com seus dotes de prudência anunciaram profecias.
Outros guiaram o povo com suas decisões, com a inteligência da sabedoria popular e os sábios discursos de seu ensinamento.
Outros foram compositores de melodias musicais e de cantos poéticos.
Outros foram dotados de riqueza e de força, tinham gosto pela beleza e viveram em paz em suas moradas.
Todos esses foram glorificados por seus contemporâneos e louvados desde seu tempo.
Os que deles nasceram deixaram um nome que publica seus louvores.
E há outros, dos quais não há lembrança; desapareceram como se não tivessem existido; nasceram, eles e seus filhos depois deles, e foram como se jamais tivessem nascido.
Estes, porém, foram homens virtuosos, cujas boas obras não foram esquecidas.
Eles permanecem em seus descendentes: seus netos, sua boa herança.
Seus descendentes continuam fiéis às alianças,
e seus filhos também, por causa deles. Para sempre permanece sua descendência e sua glória não será ofuscada.
Seus corpos foram sepultados em paz, mas seu nome vive para sempre.
Os povos proclamam sua sabedoria, e a comunidade celebra seus louvores.

Henoc e Noé.

Henoc agradou a Deus e foi arrebatado ao paraíso para levar as nações à conversão.
*
Enoque é mencionado como arrebatado por deus, referindo-se a Gênesis 5:24. a tradição judaica e cristã divergem: no cânon protestante, Enoque não é desenvolvido, enquanto textos deuterocanônicos e epístolas (como Hebreus 11:5) reforçam sua figura como modelo de fé.
Noé foi reconhecido como o perfeito justo, e no tempo da ira foi mediador da reconciliação;
*
Noé é chamado de 'homem perfeito e justo', alinhado com Gênesis 6:9. A ideia de 'reconciliação' durante o dilúvio é uma interpretação única do Eclesiástico, destacando Noé como mediador da preservação da vida (gn7:23).
por causa dele um resto sobreviveu sobre a terra quando veio o dilúvio.
*
A 'aliança eterna' com noé refere-se à promessa de deus em gênesis 9:11 de nunca mais destruir a terra com água. O eclesiástico enfatiza aqui a perpetuação da humanidade através dessa aliança.
Com ele foram feitas alianças eternas para que daí em diante nenhum ser vivo fosse exterminado por um dilúvio.
*
Abraão como 'pai de muitos povos' ecoa Gênesis 17:4-5. a fama singular dele reflete sua centralidade nas tradições judaica, cristã e islâmica, corroborada por fontes extrabíblicas como registros mesopotâmicos que mencionam migrações semíticas.

Abraão.

Abraão foi o grande pai de uma multidão de nações; nada maculou sua glória. Ele guardou a lei do Excelso e com ele fez aliança.
*
A 'aliança na carne' é a circuncisão (gn17:10-11), mas a menção de Abraão seguir 'a lei do altíssimo' é anacrônica: a lei mosaica só viria séculos depois. Isso reflete uma visão pós-exílica que projetava a lei nos patriarcas.
Estabeleceu esta aliança em sua carne e na prova foi encontrado fiel.
*
A promessa da terra 'do Eufrates ao mar' vem de Gênesis 15:18. A comparação da descendência com 'o pó' e 'astros' remete a gn13:16 e 15:5. Historicamente, essa promessa nunca se cumpriu totalmente, gerando interpretações messiânicas ou simbólicas.
Por isso Deus lhe prometeu com juramento abençoar as nações em sua descendência, multiplicá-la como o pó da terra,
*
A repetição da promessa a Isaac está em Gênesis 26:3-4, mostrando a continuidade da aliança. o Eclesiástico ressalta a conexão entre as gerações, algo crucial na identidade judaica antiga.
exaltar sua posteridade como as estrelas e dar-lhe uma herança que iria de um mar ao outro, desde o rio até as extremidades da terra.
*
Jacó e as 12 tribos: a divisão da terra em josué 13-19 cumpre a promessa de gn35:11-12. A bênção de Jacó (gn49) é reinterpretada aqui como fundamento da organização tribal de Israel.

Isaac e Jacó.

A Isaac foi feita a mesma promessa por causa de Abraão, seu pai.
O Senhor deu-lhe a bênção de todas as nações e confirmou sua aliança sobre a cabeça de Jacó.
Distinguiu-o com suas bênçãos e deu-lhe a herança; dividiu-a em partes e a repartiu entre as doze tribos.

Moisés.

Dele fez surgir um homem misericordioso, que conquistou uma estima universal.