Eclesiástico 19

Um operário beberrão não ficará rico; quem despreza as pequenas coisas irá caindo aos poucos.
O vinho e as mulheres extraviam os homens de bom-senso, e quem frequenta prostitutas perecerá: a podridão e os vermes o terão como herança.
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A associação entre 'vinhos e mulheres' como causa de perda de juízo reflete padrões da literatura sapiencial (ex: Pv 23:20-21; 31:4-5). A crítica a 'prostitutas' ecoa preocupações sociais sobre degeneração moral (Pv 29:3).
O atrevido caminha para a ruína: será eliminado do meio dos vivos e será apontado como o pior exemplo.
Quem acredita de imediato é leviano e terá prejuízo; quem peca contra si mesmo, quem o salvará?
Quem se alegra com a iniquidade será desprezado; quem detesta a correção abrevia sua vida
e quem odeia a tagarelice extingue a malícia.
Jamais repitas uma palavra maldosa e dura e não sofrerás nenhum dano.
Não fales do amigo nem do inimigo e, se sabes de um delito, não o reveles.
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A orientação sobre discrição radical contrasta com práticas modernas, mas alinha-se ao ensino de Jesus sobre resolver conflitos em particular primeiro (mt18:15).
Pois quem te ouvir desconfiará de ti e, para defender o pecado, te odiará.
Ouviste alguma coisa contra o próximo? Guarda-a contigo e fica certo de que ela não te fará morrer.
Por causa de uma palavra o insensato sofre dores, como a parturiente para dar à luz.
Como uma flecha cravada na coxa, assim é a palavra no coração do insensato.

Não crer facilmente.

Corrige o amigo: talvez tenha feito o mal e diz que não o fez; e, se o fez, para que não o faça de novo.
Corrige o próximo: talvez não tenha dito nada; mas se disse, para que não o repita.
Indaga de teu amigo, porque com frequência se trata de calúnia, e não creias em qualquer palavra.
Há quem erre pela língua, mas não de propósito, pois quem não pecou com a língua?
Interroga teu próximo, antes de ameaçá-lo, e deixa intervir a lei do Altíssimo.
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Confrontar antes de acusar reflete Lv19:17-18, evitando falsos testemunhos. A 'lei do Altíssimo' aqui inclui justiça processual.

Verdadeira e falsa sabedoria.

Pois toda a sabedoria é temor de Deus e nela está o temor de Deus; e em toda a sabedoria está a prática da lei.
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O 'temor ao Senhor' como núcleo da sabedoria é tema central em Pv1:7 e Dt6:2. A conexão entre sabedoria e Lei mostra a teologia deuteronômica.
Não é sabedoria o conhecimento do mal, e nunca é prudência o conselho dos pecadores.
Há uma astúcia que é abominável, e há insensato que tem pouca sabedoria.
É melhor alguém de pouca sabedoria e de pouco bom-senso, mas que possui o temor de Deus, do que um outro muito inteligente, mas que transgride a lei do Altíssimo.
Existe uma esperteza eficiente, mas que é iníqua.
Há quem deprave a graça para proferir a sentença e há quem pareça oprimido e de ânimo abatido, mas seu íntimo está cheio de engano.
Há quem se rebaixe em excesso com muita humildade e há quem incline a cabeça fingindo-se de surdo; mas, quando não for observado, ele te suplantará.
E se a fraqueza o impede de pecar, ao encontrar uma ocasião propícia de fazer o mal, ele o fará.
Pelo semblante se conhece a pessoa; pelo aspecto do rosto se conhece a pessoa sensata:
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A ideia de julgar caráter pela aparência contradiz 1sm16:7 ('Deus vê o coração'). Reflete percepção cultural antiga, não teológica.
a roupa que usa, seu sorriso e seu modo de andar revelam o que é.
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Indicadores físicos de caráter eram comuns na antiguidade (ex: fisionomias em escritos gregos), mas contrariam ensinos sobre não julgar precipitadamente (tg2:1-4).

Discrição.

Existe repreensão inoportuna e indício que se comprova infundado, e há quem se cale e é prudente.