Sabedoria 6

Escutai, ó reis, e procurai compreender; aprendei, governantes de toda a terra.
Prestai ouvido, vós que dominais as multidões e vos gloriais do grande número de vossos povos.
Porque é do Senhor que provém vosso domínio, e do Altíssimo vosso poder. Ele examinará vossas obras e sondará vossos propósitos.
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A ideia de que o poder dos governantes vem de Deus é paralela a Romanos 13:1. Porém, diferentemente do NT, aqui a autoridade é condicionada ao cumprimento da lei divina.
Porque, sendo ministros de seu reino, não governastes retamente, nem observastes a Lei e nem vos comportastes conforme a vontade de Deus.
De modo terrível e repentino ele se levantará contra vós, porque contra os grandes se exerce um juízo severo.
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O julgamento severo contra governantes corruptos ecoa Provérbios 1:27. Historicamente, reflete a crítica aos monarcas helenistas do período de composição do livro (séc. I a.C.).
Ao pequeno, por piedade, se perdoa, mas os poderosos serão examinados com rigor.
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A distinção entre julgamento de poderosos e pequenos antecipa Lucas 12:48. Contexto histórico: crítica à elite judaica colaboracionista com governantes estrangeiros.
Pois o Senhor de todos não recua diante de ninguém, não se deixa impressionar pela grandeza, porque ele criou o pequeno e o grande e cuida igualmente de todos.
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A imparcialidade divina contrasta com a cultura de honra do mundo antigo. Corrobora Atos 10:34-35, mas com ênfase diferente: aqui é sobre responsabilidade, não salvação universal.
Mas para os poderosos o juízo será severo.
Portanto a vós, ó soberanos, se dirigem minhas palavras, para que aprendais a sabedoria e eviteis as quedas.
Porque quem guarda santamente as coisas santas será reconhecido santo, e quem as aprendeu nelas encontrará uma defesa.
Desejai, pois, minhas palavras; ansiai por elas e recebereis a instrução.

Quem procura a Sabedoria a encontra.

A Sabedoria é brilhante, sua beleza é imutável; facilmente é contemplada pelos que a amam e encontrada pelos que a buscam.
Para dar-se a conhecer, antecipa-se aos que a desejam.
Quem se levanta cedo para encontrá-la não se cansa: pois a encontra sentada a sua porta.
Refletir sobre ela é a perfeição da inteligência, e quem está vigilante por ela logo estará tranquilo.
Pois ela mesma vai à procura dos que são dignos dela, mostra-se a eles favorável pelas ruas, vai-lhes ao encontro com toda a solicitude.
Porque seu princípio é o sincero desejo da instrução; a procura da instrução é amor;
o amor é observância de suas leis; o respeito das leis é garantia de imortalidade,
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A ligação entre observância da lei e imortalidade gera debates: alguns veem hereges saduceus (que negavam ressurreição), outros uma evolução teológica pré-cristã.
e a imortalidade nos aproxima de Deus.
Assim, o desejo da sabedoria conduz ao reino.
Se portanto, soberanos dos povos, amais tronos e cetros, honrai a sabedoria para que possais reinar sempre.

Descrição da Sabedoria.

Vou dizer-vos o que é a Sabedoria e qual sua origem; não vos esconderei seus segredos. Seguirei sua rota desde o início da criação, trazendo à luz o conhecimento de sua natureza, sem me afastar da verdade.
Não será minha companheira a inveja que consome, porque ela nada tem em comum com a Sabedoria.
O grande número dos sábios é a salvação do mundo; um rei sábio garante a estabilidade do povo.
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A valorização de sábios como salvadores reflete a cultura helenística. Arqueologia confirma a importância de conselheiros reais em inscrições persas e gregas.
Deixai-vos, pois, instruir por minhas palavras e delas tirareis proveito.