Jeremias 13

Assim falou-me Javé: “Vai comprar para ti um cinto de linho e coloca-o na cintura, mas sem mergulhá-lo na água”.
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O cinto de linho simbolizava a pureza sacerdotal (Êxodo 28:42). Jeremias, como sacerdote, representava a relação sagrada entre Deus e Judá, que seria corrompida.
Comprei o cinto conforme a ordem de Javé e o pus na cintura.
Depois, a palavra de Javé me foi dirigida uma segunda vez nestes termos:
“Toma o cinto que compraste e que trazes na cintura, levanta-te, vai ao Eufrates e esconde-o na fenda de um rochedo”.
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O Eufrates (rio símbolo do poder babilônico) pode ser uma referência geopolítica. Alguns estudiosos sugerem que 'Perath' no original poderia ser uma localidade perto de Anatote (cidade de Jeremias), não o rio mesopotâmico. A interpretação influencia se a ação foi simbólica local ou profecia sobre o exílio babilônico.
Eu fui e o escondi junto ao Eufrates, como Javé me havia mandado.
Depois de muito tempo, Javé me disse: “Levanta-te, vai ao Eufrates e toma o cinto que eu te mandei esconder lá”.
Eu fui ao Eufrates, cavei e retirei o cinto do lugar onde o tinha escondido: o cinto tinha apodrecido, não servia mais para nada.
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O cinto apodrecido representa a corrupção de Judá. Arqueologia comprova a deterioração rápida de tecidos de linho em ambientes úmidos, como o solo próximo a rios.
Então foi-me dirigida esta palavra de Javé:
“Assim fala Javé: Deste modo farei apodrecer o orgulho de Judá e o grande orgulho de Jerusalém.
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A 'soberba' refere-se à falsa segurança de Judá em alianças políticas (Egito) e na inviolabilidade do Templo (crença refutada em Jr 7:4), em vez de confiar em Deus.
Este povo malvado, que recusa escutar minhas palavras, que se comporta conforme a dureza de seu coração e segue outros deuses para servi-los e adorá-los, será como este cinto, que não serve mais para nada.
Pois, como o cinto adere à cintura de um homem, assim eu fiz aderir a mim toda a casa de Israel e toda a casa de Judá – oráculo de Javé – para que fossem meu povo, minha fama, meu louvor e minha glória; mas não ouviram”.

Os odres de vinho.

Tu lhes dirás esta palavra: “Assim fala Javé, Deus de Israel: Todo odre se enche de vinho. Se eles disserem: Acaso não sabemos que todo odre se enche de vinho?
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A metáfora dos odres cheios de vinho (embriaguez como juízo divino) ecoa em outras passagens (Sofonias 1:7, Apocalipse 14:10). A resposta sarcástica do povo mostra sua recusa em levar as advertências a sério.
Tu lhes responderás: Assim fala Javé: Vou encher de embriaguez todos os habitantes deste país, os reis que se sentam no trono de Davi, os sacerdotes, os profetas e todos os habitantes de Jerusalém.
Eu os quebrarei uns contra os outros, pais e filhos juntamente – oráculo de Javé –; não terei piedade, nem compaixão, nem misericórdia para deixar de destruí-los”.

Convite à penitência.

Escutai e prestai ouvido, não sejais soberbos, porque é Javé que fala.
Dai glória a Javé, vosso Deus, antes que venha a escuridão e vossos pés tropecem contra os montes ao cair da noite. Vós esperais a luz, mas ele a reduzirá a trevas e a mudará em densa escuridão!
Se vós não escutardes, eu chorarei em segredo por causa de vossa soberba; meus olhos chorarão amargamente e derramarão lágrimas, porque será deportado o rebanho de Javé.
Dizei ao rei e à rainha-mãe: “Sentai-vos mais embaixo, porque caiu de vossa cabeça a coroa de esplendor”.
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O rei e a rainha mencionados são Jeconias (Jeoiaquim) e Neusta, sua mãe, levados cativos para a Babilônia em 597 a.C., conforme registros babilônicos (Crônicas de Nabucodonosor).
As cidades do sul estão fechadas, ninguém as liberta. Judá inteiro foi deportado, deportado em sua totalidade.

Advertência a Jerusalém.

Ergue os olhos e observa os que vêm do norte; onde está o rebanho que te foi confiado, tuas ovelhas magníficas?
O que dirás quando puserem como teus chefes aqueles que ensinaste a ser teus amigos? Não te sobrevirão dores como de parturiente?
Se disseres em teu coração: “Por que me acontece tudo isto?” É pela enormidade de tuas iniquidades que foram arrancadas tuas vestes e sofreste violência.
Pode um etíope mudar sua pele ou um leopardo, suas manchas? E vós, habituados ao mal, poderíeis fazer o bem?
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A expressão proverbial sobre etíopes e leopardos aparece em manuscritos gregos como 'pode um etíope se lavar?' (Salmos 51:7), sugerindo variações textuais. A versão hebraica atual enfatiza a impossibilidade de mudança moral sem intervenção divina.
Eu vos dispersarei como palha levada pelo vento do deserto.
Esta é tua sorte, a parte que eu te destinei – oráculo de Javé –, porque me esqueceste e confiaste na mentira.
Também eu erguerei tuas vestes até o rosto, para que se veja tua vergonha,
teus adultérios e teus relinchos, a ignomínia de tua prostituição! Sobre as colinas e nos campos eu vi tuas abominações. Ai de ti, Jerusalém, que não te purificas! Por quanto tempo ainda?
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Os 'outeiros no campo' referem-se a locais de culto pagão (bamot). Arqueólogos encontraram altares cananeus em lugares altos, como em Hazor e Megido, corroborando as críticas de Jeremias à idolatria sincrética.