Habacuque 3

Oração do profeta Habacuc, em tom de lamentação.
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"Sigionote" (também traduzido como "Shigionoth" em outras versões) é um termo musical de significado incerto, possivelmente relacionado a um estilo de canto ou melodia. A Septuaginta (tradução grega do AT) traz "com hinos", sugerindo uma divergência nos manuscritos. A interpretação mais provável é de uma indicação técnica para os músicos.
Javé, escutei vosso anúncio, Javé, tive temor de vossa obra. No decurso dos anos manifestai-a, fazei-a conhecida no decurso dos anos. Em vosso furor, recordai-vos de ter clemência.
Deus vem de Temã, o Santo do monte Farã. Sua majestade recobre os céus, de seus louvores está cheia a terra.
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Temã (região edomita) e Parã (deserto próximo ao Sinai) são locais associados às manifestações divinas no deserto (comparar com dt33:2 e jz5:4-5). A descrição usa imagens teofânicas (manifestação divina) semelhantes à entrega da Lei no Sinai.
Seu esplendor é como a luz, raios brotam de suas mãos: ali se oculta seu poder.
Diante dele avança a peste, a febre ardente segue seus passos.
Ele para e faz tremer a terra; olha e sacode as nações; as montanhas eternas se deslocam e as colinas seculares se abatem: suas veredas são eternas.
Eu vi as tendas de Cusã em aflição, tremem os acampamentos de Madiã.
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Cusã (possivelmente Cush, região da Etiópia/Núbia) e Midiã (povo nômade a leste do Jordão) representam nações estrangeiras. A menção pode relacionar-se à tradição do Êxodo (midianitas associados a Moisés) ou a invasões contemporâneas do profeta.
É contra os rios, Javé, que se inflama vossa cólera? Ou é contra o mar vosso furor, quando montais sobre vossos cavalos, sobre vossos carros de vitória?
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A imagem de Deus cavalgando carros de guerra reflete o conceito antigo de divindades como guerreiros cósmicos. A ironia questiona se a ira divina seria contra elementos naturais (rios/mar), mas o contexto aponta para julgamento de nações através de catástrofes simbólicas.
Retirais vosso arco e saciais de flechas sua corda. Fendeis a terra com rios.
Os montes vos vêem e tremem, torrentes de água se derramam, o abismo faz ouvir sua voz. A luz brilhante do sol escurece,
e a lua fica em sua morada; fogem ao cintilar de vossas flechas, ao esplendor fulgurante de vossa lança.
Furioso atravessais a terra, irado pisoteais as nações.
Saístes para salvar vosso povo, para salvar vosso consagrado. Demolistes o topo da casa do ímpio, pusestes a descoberto suas fundações.
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"Teu ungido" (messias em hebraico) originalmente refere-se ao povo de Israel como nação consagrada (sl105:15), mas alguns interpretam como profecia messiânica indireta, vinculando-a a Cristo como cumprimento último da salvação divina (lc1:69-71).
Traspassastes com suas próprias flechas as cabeças de seus guerreiros que irrompiam para nos dispersar com a alegria de quem devora o pobre às ocultas.
Com vossos cavalos atravessastes o mar no turbilhão de grandes águas.
Eu ouvi e estremeceu meu coração, a tal noticia tremeram meus lábios, a cárie entra em meus ossos e debaixo de mim vacilam meus passos. Espero tranquilo o dia da angústia, que virá contra o povo que nos oprime.
Ainda que a figueira não germine, nenhum produto deem as vinhas, ainda que cesse a colheita da azeitona, os campos não produzam mais alimento, os rebanhos desapareçam dos apriscos, e os currais fiquem sem bois:
eu no entanto me alegrarei em Javé, exultarei em Deus, meu Salvador.
Javé, meu Senhor, é minha força, ele faz meus pés ágeis como os da corça, e sobre as alturas me faz caminhar. Para o mestre do coro. Com instrumentos de corda.
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A menção final a "instrumentos de corda" corrobora a natureza litúrgica do capítulo. A expressão hebraica "sobre os meus instrumentos" também pode ser traduzida como "segundo minha melodia", indicando instruções musicais (comparar com sl4:1, 6:1).