Gênesis 9

Deus abençoou Noé e seus filhos, dizendo-lhes: “Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra.
Sereis causa de medo e de pavor para todos os animais da terra e para todas as aves do céu, para tudo o que rasteja pelo chão e para todos os peixes do mar: eu os ponho em vosso poder.
Tudo o que se move e tem vida vos servirá de alimento: dou-vos tudo isto, como já vos dei as plantas.
Mas não comereis a carne com sua vida, isto é, seu sangue.
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A proibição de comer carne com sangue (vida) é base para leis posteriores (lv17:11, at15:20). O sangue simboliza vida, considerada sagrada.
De vosso sangue, ou seja, de vossa vida, eu pedirei contas; pedirei contas dele a todo animal; ao homem pedirei contas da vida do homem: a cada um, de seu irmão.
Quem derrama o sangue do homem, pelo homem terá seu sangue derramado. Porque à imagem de Deus foi feito o homem.
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O princípio 'vida por vida' fundamenta a pena capital no Antigo Testamento. A referência à 'imagem de Deus' (gn1:27) dá valor absoluto à vida humana. Há debates sobre aplicação universal ou contextual.
Quanto a vós, sede fecundos e multiplicai-vos, propagai-vos sobre a terra e dominai-a”.

Aliança de Deus com Noé.

Deus disse a Noé e a seus filhos:
"Estabeleço minha aliança convosco e com vossos descendentes depois de vós;
com todo ser vivo que está convosco: aves, animais domésticos e selvagens, com todos os animais da terra que saíram da arca.
Estabeleço minha aliança convosco: não será mais exterminado nenhum ser vivo pelas águas do dilúvio, nem haverá mais dilúvio para devastar a terra”.
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Arqueologia não comprova dilúvio universal. A história possivelmente adapta mitos mesopotâmicos (Epopeia de Gilgamesh), reinterpretados com monoteísmo. Evidências de grandes inundações regionais (7.500 AEC) no Golfo Pérsico.
Deus disse: “Este é o sinal da aliança que estabeleço entre mim e vós e todos os seres vivos que estão convosco, para todas as gerações futuras.
Ponho meu arco nas nuvens e este será o sinal da aliança entre mim e a terra.
Quando eu reunir as nuvens sobre a terra e aparecer o arco nas nuvens,
eu me lembrarei de minha aliança que há entre mim e vós e todos os seres de toda espécie; e não haverá mais as águas do dilúvio para destruir todo ser vivo
O arco estará nas nuvens, e eu o verei e me lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos os seres de toda espécie que há sobre a terra”.
Disse Deus a Noé: “Este é o sinal da aliança que estabeleço entre mim e todos os seres vivos que estão sobre a terra”.

Maldição de Canaã.

Os filhos de Noé, que saíram da arca, foram Sem, Cam e Jafé; Cam é o pai de Canaã.
Estes três são os filhos de Noé, e a partir deles foi povoada toda a terra.
Noé, que cultivava a terra, plantou uma vinha.
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A embriaguez de Noé gera debates: 1) Falha moral de um herói, 2) Alegoria sobre os perigos do vinho, 3) Possível relação com mitos antigos de deuses embriagados. Manuscritos divergem sobre a natureza exata do ato de Cam.
Tendo bebido vinho, embriagou-se e ficou despido no interior da tenda.
Cam, pai de Canaã, viu o pai despido e foi contar aos dois irmãos que estavam fora.
Então Sem e Jafé tomaram o manto, puseram-no sobre os ombros e, caminhando de costas, cobriram a nudez do pai; seus rostos estavam voltados para trás, e não viram o pai despido.
Quando Noé despertou da embriaguez, ficou sabendo o que lhe tinha feito o filho mais novo;
então disse: “Maldito seja Canaã! Será para seus irmãos o último dos escravos!”
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A maldição de Canaã (não Cam) é polêmica. Teorias: 1) Justificativa para subjugação cananeia (gn10:15-19), 2) Reflexo de conflitos étnicos, 3) Problema textual - alguns sugerem alteração de 'Canaã' para 'Cam'.
E acrescentou: “Bendito seja Javé, Deus de Sem, e que Canaã seja seu escravo!
Deus engrandeça Jafé, que ele more nas tendas de Sem e que Canaã seja seu escravo!"
Noé viveu, depois do dilúvio, trezentos e cinquenta anos.
O total dos dias de Noé foi de novecentos e cinquenta anos; depois morreu.