Gênesis 15

Depois desses fatos, foi dirigida a Abrão, numa visão, esta palavra de Javé: “Não temas, Abrão. Eu sou teu protetor; tua recompensa será muito grande”.
Respondeu Abrão: “Meu Senhor Javé, que me dareis? Continuo sem filhos e o herdeiro de minha casa é Eliezer de Damasco”.
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A menção de Eliézer como herdeiro reflete costumes mesopotâmicos do 2º milênio a.C., confirmados pelas Tabuinhas de Nuzi (descobertas no Iraque em 1925), que documentavam a adoção de servos como herdeiros na ausência de filhos.
Acrescentou Abrão: “Não me destes descendência e é um escravo nascido em minha casa que será meu herdeiro”.
Então foi-lhe dirigida esta palavra de Javé: “Não será este teu herdeiro, mas alguém nascido de ti é que será teu herdeiro”.
E conduzindo-o para fora, disse-lhe: “Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz”; e acrescentou: “Assim será tua descendência”.
Abrão creu em Javé, o qual lhe creditou isto como justiça.
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Este verso é central na teologia da justificação pela fé (Romanos 4:3, Gálatas 3:6). Tiago 2:23 o cita para enfatizar obras como complemento da fé, gerando debates sobre fé versus obras na tradição cristã.
E disse-lhe: “Eu sou Javé que te fez sair de Ur dos caldeus para te dar esta terra como propriedade”.
Respondeu: “Meu Senhor Javé, como posso saber que vou possuí-la?”.
Disse-lhe ele: “Traze-me uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho”.
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O ritual de cortar animais era comum em pactos antigos (Jeremias 34:18-20). As partes caminhavam entre as metades, simbolizando que quebrar o acordo traria o mesmo destino aos infiéis. Aqui, só Deus passa (versículo 17), mostrando que a aliança é incondicional.
Ele lhe trouxe todos esses animais, cortou-os pelo meio e colocou cada metade uma diante da outra; não partiu, porém, as aves.
Desciam as aves de rapina sobre aqueles cadáveres, mas Abrão as expulsava.
Quando o sol ia se pôr, um sono profundo caiu sobre Abrão, e terror e trevas o assaltaram.
Então Javé disse a Abrão: “Fica sabendo que teus descendentes serão estrangeiros num país que não será o seu; lá eles serão escravizados e oprimidos por quatrocentos anos.
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A profecia de 400 anos de escravidão no Egito difere de Êxodo 12:40-41 (que menciona 430 anos). Alguns estudiosos sugerem que 400 anos podem ser uma contagem redonda ou incluir apenas o período de opressão intensa.
Mas a nação à qual tiverem servido, eu a julgarei; e em seguida eles sairão com grandes riquezas.
Quanto a ti, irás em paz para junto de teus pais; serás sepultado após uma ditosa velhice.
É na quarta geração que voltarão para cá, porque a iniquidade dos amorreus ainda não está completa”.
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A 'medida da injustiça dos amorreus' reflete a ideia de que Deus adia o juízo até o pecado atingir seu ápice (comparar com Gênesis 18:20-21). Arqueologia comprova o declínio cultural cananeu no final da Idade do Bronze (1550-1200 a.C.).
Quando o sol se pôs e escureceu, um braseiro fumegante e uma tocha acesa passaram no meio dos animais cortados.
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O fumo e fogo lembram a coluna de nuvem/fogo do Êxodo (Êxodo 13:21) e a teofania do Sinai (Êxodo 19:18). A tocha passando sozinha simboliza que Deus assume total responsabilidade pelo cumprimento da aliança.
Naquele dia Javé fez aliança com Abrão, dizendo: “A tua descendência eu dou esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o Eufrates;
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A promessa territorial (do Nilo ao Eufrates) só se cumpriu parcialmente sob Salomão (1 Reis 4:21). Historicamente, corresponde ao apogeu do reino unificado (século X a.C.), mas nunca atingiu plenamente essas fronteiras.
a terra dos quenitas, dos cenezeus, dos cadmoneus,
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A lista de 10 nações é maior que as usuais 7 do Canaã (Deuteronômio 7:1). Queneus e quenezeus são grupos nômades não mencionados em outras listas. Hititas (heteus) são confirmados por registros egípcios e turcos (como o Tratado de Kadesh, século XIII a.C.).
dos heteus, dos ferezeus, dos rafaim,
dos amorreus, dos cananeus, dos gergeseus e dos jebuseus”.