Gênesis 1

No princípio Deus Criou o céu e a terra.
A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus se movia sobre a superfície das águas.
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A expressão 'sem forma e vazia' (tohu wa bohu) aparece também em Jeremias 4:23, descrevendo caos. O 'Espírito de Deus' (Ruach) pairando sobre as águas sugere ação divina organizadora, tema comum em mitos do antigo Oriente Médio (ex: Enuma Elish babilônico), mas aqui monoteísta.
Deus disse: “Faça-se a luz!”. E a luz foi feita.
Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas.
Deus chamou à luz “dia” e às trevas “noite”. E houve tarde e houve manhã: primeiro dia.
Deus disse: “Faça-se um firmamento no meio das águas para separar as águas das águas”.
Deus fez o firmamento e separou as águas que estão debaixo do firmamento das águas que estão acima do firmamento. E assim aconteceu.
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A 'expansão' (firmamento) reflete cosmologia antiga: um domo sólido separando águas superiores (chuva) das inferiores (mares). Essa visão contrasta com conhecimento científico moderno, gerando debates sobre interpretação literal vs. simbólica.
Deus chamou ao firmamento “céu”. E houve tarde e houve manhã: segundo dia.
Deus disse: “As águas que estão debaixo do céu se reúnam num só lugar e apareça a parte seca”. E assim aconteceu.
Deus chamou à parte seca “terra” e à massa das águas, “mar”. E Deus viu que isso era bom.
E Deus disse: “A terra produza vegetação: plantas que deem sementes e árvores frutíferas que deem sobre a terra fruto com a própria semente, cada qual segundo sua espécie”. E assim aconteceu.
A terra produziu vegetação: plantas que produzem semente, cada qual segundo a própria espécie, e árvores que dão fruto cada qual com sua semente, segundo a própria espécie. Deus viu que isso era bom.
E houve tarde e houve manhã: terceiro dia.
Deus disse: “Haja luzes no firmamento do céu, para distinguir o dia da noite; sirvam de sinais para as festas, para os dias e para os anos
e sirvam de luzes no firmamento do céu para iluminar a terra”. E assim aconteceu:
Deus fez as duas grandes luzes, a luz maior para regular o dia e a luz menor para regular a noite, e as estrelas.
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A criação do Sol após as plantas (verso 11) gera questionamentos. Alguns propõem que a luz nos dias 1-3 era divina, não solar. Outros veem organização temática, não cronológica. Manuscritos antigos não apresentam variações aqui.
Deus as pôs no firmamento do céu para iluminar a terra,
para governar o dia e a noite e para separar a luz das trevas. E Deus viu que isso era bom.
E houve tarde e houve manhã: quarto dia.
Deus disse: “Encham-se as águas de multidões de seres vivos, e pássaros voem sobre a terra, no firmamento do céu”.
Deus criou os grandes animais aquáticos e todos os seres vivos que nadam e que enchem as águas, segundo sua espécie, e toda ave alada, segundo sua espécie. E Deus viu que isso era bom.
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'Grandes baleias' traduz o hebraico 'tanninim', que pode significar monstros marinhos (como em Isaías 27:1). A menção destes seres reflete possíveis conexões com mitos de combate contra monstros do caos (comum na região), adaptados à teologia hebraica.
Deus os abençoou, dizendo: “Sede fecundos e multiplicai-vos e enchei as águas dos mares; e os pássaros se multipliquem sobre a terra”.
E houve tarde e houve manhã: quinto dia.
Deus disse: “A terra produza seres vivos segundo sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selvagens segundo sua espécie”. E assim aconteceu:
Deus fez os animais selvagens segundo sua espécie, os animais domésticos segundo sua espécie e todos os répteis da terra segundo sua espécie. E Deus viu que isso era bom.

Criação do ser humano.

Deus disse: “Façamos o ser humano à nossa imagem, como nossa semelhança; domine sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, sobre todos os animais selvagens e sobre todos os répteis que rastejam pelo chão”.
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O plural 'façamos' gerou debates: 1) Plural majestático 2) Conselho divino com anjos 3) Alusão à Trindade (interpretação cristã posterior). A 'imagem de Deus' é interpretada como: razão, domínio sobre criação, ou relação pessoal com Deus.
E Deus criou o ser humano à sua imagem; à imagem de Deus o criou: homem e mulher os criou;
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A criação dual homem/mulher igualmente à imagem de Deus foi revolucionária em contexto patriarcal antigo. Alguns manuscritos da Septuaginta acrescentam 'os criou homem e mulher', reforçando igualdade de gênero na criação.
Deus os abençoou e disse: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todo ser vivo que rasteja pelo chão”.
E Deus disse-lhes: “Dou-vos toda planta que dá semente e que está em toda a terra, e toda árvore em que há fruto, que produz semente: serão vosso alimento.
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Dieta vegetariana original contrasta com permissão pós-dilúvio (Gênesis 9:3). Interpretações: 1) Harmonia edênica 2) Reflexo de práticas agrícolas neolíticas 3) Mensagem anti-sacrifícios (em contraste com cultos cananeus).
A todos os animais selvagens, a todas as aves do céu e a todos os seres que rastejam pelo chão e nos quais há um sopro de vida, eu dou como comida toda vegetação”. E assim aconteceu.
Deus viu tudo que havia feito: era muito bom. E houve tarde e houve manhã: sexto dia.