Ezequiel 29

No dia doze do décimo mês do ano dez, foi-me dirigida esta palavra de Javé:
“Filho do homem, volta-te para o faraó, rei do Egito, e profetiza contra ele e contra todo o Egito.
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Faraó, rei do Egito, é alvo desta profecia. O Egito era visto como potência instável: aliados de Judá contra a Babilônia, mas falharam em oferecer proteção real (2reis18:21).
Fala, pois, dizendo: Assim fala o Senhor Javé: Estou contra ti, faraó, rei do Egito, grande crocodilo, estendido no meio de seus rios. Disseste: ‘O rio é meu, é criatura minha’.
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O 'grande dragão' simboliza o poder faraônico, associado ao crocodilo do Nilo. A frase 'meu rio é meu' reflete a arrogância de atribuir a prosperidade ao próprio poder, não a Deus.
Porei ganchos em tuas maxilas e farei com que os peixes de teus rios se prendam a tuas escamas e te farei sair de tuas águas junto com todos os peixes de teus rios presos a tuas escamas;
eu te lançarei no deserto, com todos os peixes de teus rios e irás cair em pleno campo e não serás recolhido nem sepultado: eu te darei como comida aos animais da terra e às aves do céu.
E todos os habitantes do Egito saberão que eu sou Javé, porque foste um apoio de caniço para os israelitas.
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'Bordão de cana' refere-se ao apoio egípcio fraco a Israel: prometiam ajuda, mas quebravam sob pressão (2reis18:21).
Quando eles te tomaram na mão, rachaste, quebrando-lhes todo o ombro, e quando se apoiaram em ti, quebraste, fazendo vacilar todos os seus lombos”.
Por isso, assim fala o Senhor Javé: “Mandarei contra ti a espada e eliminarei de ti homens e animais.
O Egito vai tornar-se uma desolação e um deserto, e saberão que eu sou Javé. Porque ele disse: ‘O rio é meu, é criatura minha’,
eu estou contra ti e contra teu rio. Farei do Egito, de Magdol a Siene, até a fronteira com a Etiópia, um deserto e uma desolação.
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'Torre de Syene' (atual Assuã) e 'Etiópia' (Núbia) marcam os limites sul do Egito. Migdol (norte) e Syene são confirmados por achados arqueológicos como fortalezas egípcias.
Pé de homem não passará por lá, nem pé de animal passará por lá, e não será habitado por quarenta anos.
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40 anos de desolação: número simbólico (como 40 anos no deserto). Historicamente, o Egito não ficou desabitado, mas foi dominado pela Pérsia em 525 a.C., cerca de 50 anos após esta profecia.
Farei do Egito uma desolação no meio de países devastados; suas cidades serão uma desolação durante quarenta anos no meio de cidades destruídas. Dispersarei os egípcios entre as nações e os disseminarei entre os países”.
Porque assim fala o Senhor Javé: “Ao fim de quarenta anos, reunirei os egípcios dos povos no meio dos quais terão sido dispersos;
mudarei sua sorte e os reconduzirei ao país de Patros, a sua terra de origem, e lá formarão um pequeno reino;
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Patros é o Alto Egito, região ancestral. A restauração como 'reino humilde' condiz com o status do Egito pós-dominação persa e grega, nunca mais recuperando o antigo esplendor.
será o mais modesto dos reinos e não se erguerá mais sobre as nações; eu o diminuirei para que não domine mais sobre as nações.
Não será mais para a casa de Israel uma segurança, mas lhe recordará a culpa cometida quando se voltava para ele. Saberão então que eu sou o Senhor Javé”.
Ora, no primeiro dia do primeiro mês do ano vinte e sete, foi-me dirigida esta palavra de Javé:
“Filho do homem, Nabucodonosor, rei de Babilônia, fez seu exército realizar uma grande empresa contra Tiro: toda cabeça se tornou calva e todo ombro está chagado. Mas o rei e seu exército não receberam de Tiro a paga pela empresa realizada contra ela.
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Nabucodonosor sitiou Tiro por 13 anos (585-572 a.C.), mas o texto sugere que ele receberia o Egito como pagamento. Historicamente, a invasão babilônica ao Egito (568 a.C.) foi limitada, levantando debates se a profecia foi editada após os eventos.
Por isso, assim fala o Senhor Javé: Eu entrego a Nabucodonosor, rei de Babilônia, o país do Egito; levará suas riquezas, tomará seus despojos e o saqueará; esta será a recompensa para seu exército.
Pela empresa realizada contra Tiro eu lhe entrego o Egito, porque trabalharam para mim – oráculo do Senhor Javé.
Naquele dia farei surgir o poder para a casa de Israel e abrirei tua boca no meio deles: e saberão que eu sou Javé”.
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'Farei brotar o poder' pode referir-se à restauração de Israel, mas a conexão com o castigo ao Egito é ambígua. Alguns veem aqui uma adição editorial para vincular as profecias.