Ezequiel 28

Foi-me dirigida esta palavra de Javé:
“Filho do homem, fala ao príncipe de Tiro: Assim fala o Senhor Javé: Porque teu coração tornou-se orgulhoso, disseste: ‘Eu sou um deus, sento-me num trono divino no meio dos mares’; és um homem e não um deus, mas te julgaste igual a Deus.
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O 'príncipe de Tiro' representa o governante arrogante desta cidade fenícia, famosa por seu comércio e riqueza. A afirmação 'eu sou Deus' reflete a autodeificação comum entre monarcas do Antigo Oriente. Comparar com is14:12-15 (a queda de Lúcifer), embora aqui o foco seja humano.
És mais sábio que Daniel, nenhum segredo te é oculto.
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Daniel já era reconhecido como símbolo de sabedoria mesmo fora de Israel (dante1:20). Alguns questionam se é o Daniel bíblico ou um herói lendário anterior, mas o contexto de Ezequiel (contemporâneo de Daniel) favorece a referência ao profeta.
Com tua sabedoria e tua perspicácia adquiriste riquezas e ajuntaste ouro e prata em teus tesouros;
com tua grande sabedoria e teu comércio, aumentaste tuas riquezas e, por causa de tuas riquezas, teu coração se orgulhou.
Por isso assim fala o Senhor Javé: Porque igualaste tua mente à de Deus,
mandarei contra ti estrangeiros, as mais bárbaras das nações; desembainharão a espada contra tua bela sabedoria, profanarão teu esplendor.
Eles te precipitarão na fossa, e morrerás de morte violenta no meio dos mares.
Repetirás ainda: ‘Eu sou um deus’, diante de teu assassino? Mas és um homem e não um deus, à mercê de teu assassino.
Da morte dos incircuncisos morrerás pela mão de estrangeiros, porque eu falei – oráculo do Senhor Javé”.

Elegia sobre o rei de Tiro.

Foi-me dirigida esta palavra de Javé:
“Filho do homem, entoa um lamento sobre o rei de Tiro e dize-lhe: Assim fala o Senhor Javé: Tu eras um modelo de perfeição, cheio de sabedoria, perfeito em beleza.
Estavas em Éden, jardim de Deus, recoberto de toda pedra preciosa: rubi, topázio, diamante, crisólito, ônix e jaspe, safira, carbúnculo e esmeralda; de ouro era o trabalho de teus engastes e de teus ornamentos; tudo isto foi preparado no dia de tua criação.
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A descrição do Éden e das pedras preciosas lembra o peitoral do sumo sacerdote (ex28:17-20). A tradição cristã vê aqui uma alusão à queda de Lúcifer (interpretação tipológica), embora o contexto imediato seja a corrupção do rei de Tiro.
Eras como um querubim de asas estendidas em defesa; eu te pus sobre o monte santo de Deus e caminhavas no meio de pedras de fogo.
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'Querubim ungido' gerou debates: é metáfora para a posição elevada do rei ou referência indireta a Satanás? A menção ao 'monte santo de Deus' sugere linguagem cósmica, comum em profecias contra nações (ex: is14:13).
Eras perfeito em tua conduta, desde quando foste criado, até que foi encontrada em ti a iniquidade.
Crescendo teus comércios, tu te encheste de violência e de pecados; eu te expulsei como um profano do monte de Deus e te fiz desaparecer, querubim protetor, do meio das pedras de fogo.
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A expulsão do 'monte de Deus' ecoa mitos cananeus, mas adaptados à teologia judaica. Arqueologia confirma a riqueza de Tiro: inscrições fenícias e relatos assírios descrevem seu comércio de metais e pedras preciosas.
Teu coração se havia orgulhado por tua beleza; tua sabedoria se havia corrompido por causa de teu esplendor: lancei-te à terra e te ofereci em espetáculo aos reis.
Com a multidão de tuas culpas, com a desonestidade de teu comércio profanaste teus santuários; por isso fiz sair de ti um fogo para te devorar. Eu te reduzi a cinza sobre a terra à vista de todos os que te olham.
Todos os que te conhecem entre os povos ficaram atônitos por tua causa; tu te tornaste objeto de terror, acabado para sempre”.

Contra Sidônia.

Foi-me dirigida esta palavra de Javé:
“Filho do homem, volta-te para Sidônia e profetiza contra ela.
Anuncia-lhe: Assim fala o Senhor Javé: Estou contra ti, Sidônia, e mostrarei minha glória no meio de ti. Saberão que eu sou Javé quando executar minha sentença contra ti e manifestar minha santidade.
Mandarei contra ti a peste, e o sangue escorrerá por tuas ruas; mortos cairão no meio de ti, por causa da espada erguida contra ti de todos os lados; e saberão que eu sou Javé.
Não haverá mais para os israelitas um acúleo pungente, nem espinho doloroso entre todos os seus vizinhos que a desprezam: e saberão que eu sou Javé”.
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A promessa de segurança futura liga-se às profecias da restauração pós-exílio (jr23:3-6). Cumprida parcialmente com o retorno sob Ciro (538 a.C.), mas muitos judeus e cristãos veem um cumprimento escatológico.

Restauração de Israel.

Assim fala o Senhor Javé: “Quando eu tiver reunido os israelitas do meio dos povos entre os quais estão dispersos, manifestarei neles minha santidade diante das nações: habitarão o país que dei a meu servo Jacó.
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A reunião de Israel 'dentre os povos' é tema central em Ezequiel (ez36:24-28). Cristãos veem cumprimento espiritual na Igreja (gl3:28-29), enquanto o judaísmo aguarda realização plena na era messiânica.
Nele habitarão tranquilos, construirão casas e plantarão vinhas; ali habitarão tranquilos, quando eu tiver executado meus julgamentos contra todos os que ao redor os desprezam: e saberão que eu sou Javé seu Deus”.