Êxodo 16

Partindo de Elim, toda a comunidade dos israelitas chegou ao deserto de Sin, situado entre Elim e o Sinai, no dia quinze do segundo mês depois de sua saída da terra do Egito.
No deserto, toda a comunidade dos israelitas murmurou contra Moisés e Aarão.
Os israelitas lhes disseram: “Oxalá tivéssemos morrido pela mão de Javé no país do Egito, quando nos sentávamos junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura! Pois nos trouxestes a este deserto para matar de fome toda esta multidão”.
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Os israelitas, mesmo após serem libertos da escravidão, demonstram nostalgia paradoxal pelo Egito. Isso reflete um padrão recorrente de murmuração no deserto (comparar com nm11:4-6). A menção a 'panelas de carne' pode indicar uma idealização do passado, já que a escravidão dificilmente permitia banquetes.
Javé disse a Moisés: “Farei chover pão do céu para vós. Cada dia o povo sairá para recolher sua ração diária. Desse modo eu o porei à prova, para ver se anda ou não em minha lei.
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A provisão do maná é apresentada como teste de obediência, não apenas sustento. O conceito de 'pão do céu' reaparece em jo6:31-35, onde Jesus se identifica como o verdadeiro maná.
No sexto dia, porém, quando prepararem o que tiverem trazido, terão o dobro do que recolhem cada dia”.
Moisés e Aarão disseram aos israelitas: “Esta tarde sabereis que foi Javé quem vos tirou da terra do Egito,
e amanhã cedo vereis a glória de Javé, pois ele ouviu vossas murmurações contra Javé; pois quem somos nós para que murmureis contra nós?”
E Moisés acrescentou: “Isto acontecerá quando Javé vos der, esta tarde, carne para comer, e pela manhã pão com fartura, pois ele ouviu vossas murmurações que fizestes contra ele; porque nós, quem somos? Vossas queixas não são contra nós, mas contra Javé”.

O maná.

Moisés disse a Aarão: “Dize a toda a comunidade dos israelitas: ‘Aproximai-vos de Javé, porque ele ouviu vossas murmurações’”.
Enquanto Aarão falava a toda a comunidade dos israelitas, eles olharam para o deserto e viram a glória de Javé aparecer na nuvem.
Javé disse a Moisés:
Ouvi as murmurações dos israelitas. Fala-lhes assim: ‘Ao entardecer comereis carne e pela manhã vos saciareis de pão, e sabereis que eu sou Javé, vosso Deus’”.
De fato, à tarde surgiram codornizes que cobriram o acampamento; e pela manhã havia uma camada de orvalho em torno do acampamento.
Quando se evaporou o orvalho, apareceu na superfície do deserto uma coisa miúda, em forma de grãos, fina como a geada sobre a terra.
Vendo isto, os israelitas perguntaram uns aos outros: “Que é isto?”, pois não sabiam o que era. Moisés lhes disse: “É o pão que Javé vos dá para comer.
Isto é o que Javé vos ordena: Recolha cada um o necessário para comer: um gomor por pessoa. Cada um tomará de acordo com o número de pessoas que houver em sua tenda”.
E assim fizeram os israelitas: uns recolheram mais, outros menos.
Quando se media com o gomor, não sobrava a quem tinha ajuntado muito, nem faltava a quem tinha ajuntado pouco. Cada qual havia recolhido conforme havia de comer.
Moisés disse: “Ninguém guarde dele para a manhã seguinte”.
Mas não obedeceram a Moisés, e alguns guardaram para o dia seguinte; ele criou vermes e apodreceu; e Moisés se irritou contra eles.
Toda manhã cada um recolhia segundo o quanto podia comer; e quando o sol esquentava, derretia-se.
No sexto dia recolheram uma dupla porção, dois gomores para cada um, e todos os chefes da comunidade de Israel foram comunicá-lo a Moisés.
Ele respondeu: “É isto o que Javé ordenou. Amanhã é dia de repouso, o sábado consagrado a Javé; o que tendes para cozer no forno, cozei-o, e o que tendes para ferver, fervei-o; e tudo o que sobrar, guardai-o para a manhã seguinte”.
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A instituição do sábado aqui precede os Dez Mandamentos (ex20:8-11). Isso gera discussão entre estudiosos: seria uma antecipação literária ou indicação de tradições sabáticas anteriores?
Guardaram-no, portanto, até a manhã seguinte, conforme a ordem de Moisés, e não apodreceu nem criou vermes.
Moisés disse: “Comei-o hoje, pois hoje é descanso consagrado a Javé; hoje não o encontrareis no campo.
Durante seis dias o ajuntareis, mas no sétimo dia é repouso, e neste dia não haverá”.
No sétimo dia alguns do povo saíram para colhê-lo, mas nada encontraram.
Então Javé disse a Moisés: “Até quando recusareis observar meus mandamentos e minhas leis?
Considerai que Javé vos deu o sábado; por isso, no sexto dia ele vos dá pão para dois dias. Cada um fique em seu lugar, ninguém saia do próprio lugar no sétimo dia”.
E o povo repousou no sétimo dia.
A casa de Israel lhe deu o nome de “maná”; era como a semente de coentro, de cor branca, e seu sabor era como bolo de mel.
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A descrição do maná como 'semente de coentro' e 'bolos de mel' combina com relatos de secreções naturais de insetos no Sinai. Porém, o fenômeno bíblico tem características sobrenaturais: quantidade controlada (v.18) e deterioração exceto no sábado (v.20,24).
Moisés disse: “Eis o que Javé ordena: enchei com ele um gomor, a fim de guardá-lo para vossos descendentes, para que vejam o pão com que vos alimentei no deserto, quando vos tirei da terra do Egito”.
Então Moisés disse a Aarão: “Toma um vaso e põe nele um gomor cheio de maná e coloca-o diante de Javé, a fim de o conservar para vossos descendentes”.
Como Javé ordenara a Moisés, Aarão depositou-o diante do testemunho para ser conservado.
Os israelitas comeram maná durante quarenta anos, até entrarem em terra habitada: comeram maná até chegarem aos confins da terra de Canaã.
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Os 40 anos de maná são confirmados em js5:12, quando cessou após a entrada em Canaã. Arqueologicamente, não há evidência direta do maná, mas o relato estabelece base histórica para a tradição judaica.
O gomor é a décima parte do efá.
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O ômer (cerca de 2,2 litros) torna-se medida padrão. Curiosamente, em 2co8:15 cita este episódio como princípio de igualdade na provisão divina.