Eclesiastes 3

Para cada coisa há seu momento e um tempo para toda atividade debaixo do céu.
Há um tempo para nascer e um tempo para morrer, um tempo para plantar e um tempo para arrancar as plantas.
Um tempo para matar e um tempo para curar, um tempo para demolir e um tempo para construir.
Um tempo para chorar e um tempo para rir, um tempo para prantear e um tempo para dançar.
Um tempo para jogar pedras e um tempo para recolhê-las, um tempo para abraçar e um tempo para se abster de abraços.
Um tempo para buscar e um tempo para perder, um tempo para guardar e um tempo para jogar fora.
Um tempo para rasgar e um tempo para costurar, um tempo para se calar e um tempo para falar.
Um tempo para amar e um tempo para odiar, um tempo para a guerra e um tempo para a paz.

Estamos nas mãos de Deus.

Que proveito tira de sua fadiga aquele que trabalha?
Tenho observado a tarefa que Deus dá aos homens para que dela se ocupem.
Ele fez belas todas as coisas em seu devido tempo; pôs no coração dos homens o sentido da duração, mas sem que eles possam entender a obra realizada por Deus do princípio ao fim.
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A expressão 'pôs o mundo no coração' tem variações de tradução: o hebraico 'olam' pode significar 'eternidade' (como na NVI) ou 'sentido do tempo' (Almeida). Isso reflete a tensão entre a limitação humana e o desejo de compreender o divino (ver ec8:17, rm11:33). Arqueólogos notam que essa angústia existencial é comum em textos sapienciais antigos.
Concluí que não há nada melhor para eles do que se alegrar e agir bem em sua vida.
Mas que um homem coma, beba e encontre alegria em seu trabalho é um dom de Deus.
Reconheço que tudo quanto Deus faz é imutável: não há nada que acrescentar, nada que tirar. Deus age assim para que os homens o temam.
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A afirmação de que 'nada se deve acrescentar ou tirar' ecoa dt4:2, reforçando a ideia de que a lei divina é completa. Críticos apontam que esse verso foi usado posteriormente para fixar o cânon bíblico.
O que é já existiu; o que será já existe; Deus recupera o que já passou.
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A visão cíclica do tempo ('o que há de ser já foi') remete à filosofia do autor em ec1:9, contrastando com visões lineares da história em profecias como dn2:21.

Desordens.

Mas também notei debaixo do sol que no lugar do direito está a iniquidade e no lugar da justiça está a impiedade.
Pensei: Deus julgará o justo e o ímpio, porque há um tempo para cada coisa e para cada ação.
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A resposta à injustiça humana ('Deus julgará') encontra paralelos em sl58:11 e ap20:12. Historiadores notam que a corrupção nos tribunais era comum no período persa (quando Eclesiastes possivelmente foi escrito).

Sorte do homem.

Depois, a respeito dos filhos dos homens eu disse a mim mesmo: Deus quer prová-los e mostrar que eles de per si são como animais.
Com efeito a sorte dos homens e a dos animais é a mesma; como morrem estes, morrem aqueles; têm todos o mesmo sopro vital. Não existe superioridade do homem em relação aos animais, porque tudo é vaidade
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A comparação radical entre humanos e animais gerou debates. Enquanto gn2:7 destaca o sopro divino no homem, o autor aqui enfatiza a mortalidade comum. Judeus helenísticos (como Filo) reinterpretaram isso alegoricamente, enquanto cristãos viram aqui uma limitação da perspectiva humana sem a revelação da ressurreição (1co15:39).
Todos caminham para o mesmo lugar: tudo veio do pó e tudo retorna ao pó.
Quem sabe se o sopro vital do homem sobe para o alto e se o dos animais desce para baixo da terra
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A dúvida sobre o destino do 'fôlego' humano contrasta com ec12:7, levando alguns estudiosos a questionarem a coerência do livro. Manuscritos do Mar Morto trazem variantes que amenizam o ceticismo, mas a maioria dos tradutores mantém a ambiguidade original.
Percebi que nada há de melhor para o homem do que alegrar-se em suas obras, porque esta é sua parte. Quem, aliás, poderá levá-lo a ver o que sucederá depois dele?