Cânticos 2

Eu sou um narciso de Saron, um lírio dos vales.
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"Rosa de Sarom" refere-se a uma flor da planície de Sarom, região fértil na costa de Israel (Is 35:2). A expressão é frequentemente interpretada de forma alegórica, representando Cristo (como beleza divina) ou a Igreja (como comunidade dos fiéis).
Como um lírio entre os espinhos, assim é minha querida entre as moças.
Como a macieira entre as árvores do bosque, assim é meu amado entre os jovens. Eu me sento a sua sombra, que eu tanto desejava, e doce é seu fruto a meu paladar.
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A tradução de "macieira" é incerta: alguns manuscritos sugerem "amendoeira" ou "citro". A imagem da sombra e do fruto doce foi associada à proteção divina (Os 14:7) e à sabedoria (Pv 24:13-14).
Introduziu-me na adega do vinho, e seu estandarte sobre mim é o amor.
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O "estandarte do amor" remete à ideia de identidade e proteção marital, com paralelos na relação de Deus com Israel (Ex 17:15; Sl 60:4).
Sustentai-me com tortas de uvas, fortalecei-me com maçãs, porque estou doente de amor.
Sua mão esquerda está debaixo de minha cabeça e sua direita me abraça.
Eu vos conjuro, filhas de Jerusalém, pelas gazelas, pelas corças dos campos: não desperteis, não acordeis a amada, até que ela o queira.
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A advertência para não "despertar o amor" repete-se como refrão (Ct 3:5; 8:4). Estudiosos debatem se é um conselho sobre o tempo adequado para o amor físico ou uma metáfora espiritual.

O esposo busca a esposa.

A voz de meu amado! Ele está vindo, saltando pelos montes, pulando pelas colinas.
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A imagem do amado como gamo/veado saltando montes aparece também em Ct 8:14. Algumas interpretações messiânicas veem aqui uma antecipação da vinda de Cristo (Hc 3:19).
Meu amado parece um gamo ou um filhote de gazela. Ali está ele, atrás de nosso muro; olha das janelas, espia pelas treliças.
Fala meu amado e me diz: “Levanta-te, minha querida, minha bela, e vem!
Porque o inverno passou, cessou a chuva, ela se foi;
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A descrição da primavera (flores, rolas, figos) simboliza renovação. Cristãos associam à ressurreição de Cristo (Ct 2:12 comparado com Ct 2:1 na Vulgata) e à nova criação (Ap 21:5).
Aparecem as flores na terra, chegou o tempo de cantar, e a voz da rola se faz ouvir em nossa terra.
A figueira começa a dar os primeiros frutos e as videiras em flor exalam perfume. Levanta-te, minha querida, minha bela, e vem!
Minha pomba, que estás nas fendas dos rochedos, nos esconderijos das rochas escarpadas, mostra-me teu rosto, faze-me ouvir tua voz, porque tua voz é suave, teu rosto é gracioso”.
Apanhai para nós as raposas, as raposas pequenas que devastam as vinhas, porque nossas vinhas estão em flor.
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As raposas danificando vinhas podem representar ameaças ao relacionamento. Arqueologia comprovou que raposas eram pragas comuns em vinhedos antigos (Ne 4:3).
Meu amado é meu e eu sou dele. Ele apascenta o rebanho entre os lírios.
Antes que sopre a brisa do dia e fujam as sombras, volta, meu amado, semelhante ao gamo ou ao filhote da gazela, sobre os montes dos aromas.
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"Montes de Beter" (ou Betar) é localização incerta – possivelmente região montanhosa perto de Jerusalém. Alguns manuscritos gregos trazem "montes de especiarias" (Ct 8:14).