1 Coríntios 3

Irmãos, eu não pude falar-vos como a homens espirituais, mas como a seres carnais, como a crianças em Cristo.
*
Paulo critica a imaturidade espiritual dos coríntios, evidenciada por divisões (citadas em 1co1:12). 'Carnais' refere-se à mentalidade mundana, não à natureza humana em si.
Foi leite que vos dei a beber, não um alimento sólido, porque não éreis capazes. Mas agora tampouco o sois,
porque ainda sois carnais. Pelo fato de existirem entre vós invejas e discórdias, não sois talvez carnais e vossa conduta não é totalmente humana?
Quando um diz: “Eu sou de Paulo” e um outro: “Eu sou de Apolo”, não vos mostrais como simples homens?
*
As divisões entre seguidores de Paulo e Apolo refletem conflitos de liderança. Apolo era um pregador eloqüente (atos18:24-28), mas Paulo enfatiza que líderes são apenas servos, não ídolos.
Pois, que é Paulo? E que é Apolo? São ministros através dos quais abraçastes a fé, e cada um conforme o Senhor lhe concedeu.
Eu plantei, Apolo regou; mas foi Deus que fez crescer.
*
A metáfora agrícola (plantar/regar) mostra a colaboração ministerial, mas o crescimento vem de Deus. Ideia similar em 1co3:9 sobre 'lavoura de Deus'.
Ora, aquele que planta não é nada, nem quem rega, mas sim Aquele que faz crescer, que é Deus.
Quem planta e quem rega são uma só coisa, mas cada um receberá seu salário na medida de seu próprio trabalho.
Pois somos os cooperadores de Deus, e vós sois o campo de Deus, o edifício de Deus.

Cristo, único fundamento.

Segundo a graça que me foi dada, como um sábio arquiteto, eu pus o fundamento. Um outro depois constrói por cima. Mas cada um veja bem como é que está construindo.
*
'Fundamento' é Cristo (1co3:11). Paulo como 'arquiteto' refere-se ao seu papel inicial na igreja de Corinto (atos18:1-11). O alerta sobre construção cuidadosa ecoa em 1co4:5.
Com efeito, ninguém pode pôr outro fundamento, senão aquele que lá está, a saber, Jesus Cristo.
Se sobre este fundamento se constrói com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, ferro, palha,
a obra de cada um se tornará manifesta; o Dia a dará a conhecer, pois ele deve revelar-se no fogo, e é este fogo que provará a qualidade da obra de cada um.
*
O 'dia' refere-se ao Juízo Final. O fogo simboliza o teste divino das obras, tema também em malaquias3:2-3 e 1cor3:15.
Se a obra construída sobre o fundamento resistir, seu autor receberá uma recompensa;
se sua obra se queimar, ele sofrerá o dano, mas ele próprio será salvo, como que através do fogo.
*
Controversa: 'salvo como pelo fogo' gerou debates sobre perda de recompensas (visão protestante) ou purificação pós-morte (interpretação católica ligada ao purgatório).

Só Deus é juiz.

Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?
*
O templo como metáfora coletiva (comunidade cristã) aparece também em 2co6:16. Contrasta com a ideia individual em 1co6:19.
Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é sagrado, e este templo sois vós.
Ninguém se iluda! Se algum de vós se julga sábio conforme este mundo, torne-se louco para ser sábio;
pois a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus. Com efeito, está escrito: “Aquele que apanha os sábios na astúcia deles”;
*
Citação de jó5:13 (Septuaginta), mostrando a ironia divina sobre a sabedoria humana. Repete tema de 1co1:19-20.
e ainda: “O Senhor conhece os pensamentos dos sábios; sabe que são vãos”.
*
Referência ao salmo94:11, reforçando a limitação do conhecimento humano frente à onisciência divina.
Por conseguinte, ninguém procure nos homens sua glória; pois tudo vos pertence:
Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro: tudo é vosso;
mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus!