Tito 1

Paulo, servo de Deus, apóstolo de Jesus Cristo para levar aos eleitos de Deus a fé e o profundo conhecimento da verdade que conduz à piedade,
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A autoria de Tito é tradicionalmente atribuída a Paulo, mas estudiosos apontam diferenças de estilo e vocabulário em comparação com cartas paulinas indiscutíveis (como Romanos). A defesa da autoria paulina baseia-se na tradição da igreja primitiva e no conteúdo coerente com Atos 20:35 sobre liderança eclesiástica.
na esperan­ça da vida eterna prometida em tempos longínquos por Deus veraz e fiel,
que na ocasião escolhida manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi confiada por ordem de Deus, nosso Salvador,
a Tito, meu verdadeiro filho em nossa fé comum: graça e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, nosso Salvador!
Eu te deixei em Creta para acaba­res de organizar tudo e estabeleceres anciãos em cada cidade, de acordo com as normas que te tracei.
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A organização de presbíteros (também chamados bispos em 1tm3:1-7) reflete a estrutura eclesiástica emergente no século I. Creta era conhecida na antiguidade por problemas morais (como atestado pelo poeta grego Epimenides no v.12), justificando a necessidade de liderança qualificada.
(Devem ser escolhidos entre) quem seja irrepreensível, casado uma só vez, tenha filhos fiéis e não acusados de má conduta ou insubordinação.
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A exigência 'marido de uma mulher' gera debates: 1) proibição de poligamia? 2) exigência de casado? 3) fidelidade conjugal? A tradução do grego 'mias gynaikos andra' permite ambas as interpretações, sendo mais provável a condenação à infidelidade ou divórcio.
Porquanto é mister que o bispo seja irrepreensível, como administrador que é posto por Deus. Não arrogante, nem colérico, nem intemperante, nem violento, nem cobiçoso.
Ao contrário, seja hospitaleiro, amigo do bem, prudente, justo, piedoso, continente,
firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi ensinada, para poder exortar segundo a sã doutrina e rebater os que a contradizem.
Com efeito, há muitos insubmissos, charlatães e sedutores, prin­cipalmente entre os da circuncisão.
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'Os da circuncisão' refere-se a judeus-cristãos que insistiam na observância da Lei mosaica (como em gl2:12). Em Creta, isso incluía provavelmente regras alimentares e rituais mencionadas no v.14.
É necessário tapar-lhes a boca, porque transtornam famílias inteiras, ensinando o que não convém, e isso por vil espírito de lucro.
Um dentre eles, o “profeta” deles disse: “Os cretenses são sempre mentirosos, feras selvagens, glutões preguiçosos”.
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A citação vem do poeta cretense Epimenides (século VI a.C.), mostrando como Paulo usava fontes culturais locais. O paradoxo de um cretense chamar todos os cretenses de mentirosos ficou conhecido como 'paradoxo do mentiroso' na lógica.
Esta asserção reflete a verdade. Portanto, repreende-os seve­ramente, para que se mantenham sãos na fé,
e não dêem ouvidos a fábulas judaicas nem a preceitos de homens avessos à verdade.
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As 'fábulas judaicas' podem incluir lendas rabínicas e interpretações alegóricas exageradas do AT, enquanto 'mandamentos de homens' refere-se a tradições humanas criticadas por Jesus em mc7:7-8.
Para os puros todas as coisas são puras. Para os corruptos e descren­tes nada é puro: até a sua mente e consciência são corrompidas.
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Este princípio de pureza ritual (também em rm14:14) reflete o ensino de Jesus sobre coração como fonte de impureza (mc7:15). Contudo, foi mal interpretado por alguns gnósticos que defendiam libertinagem moral.
Proclamam que conhecem a Deus, mas na prática o renegam, detestáveis que são, rebeldes e incapazes de qualquer boa obra.