Tobias 8

Depois do jantar, introduziram o jovem no aposento de Sara.
E Tobias, fiel às indicações do anjo, tirou do seu alforje uma parte do fígado e o pôs sobre brasas acesas.
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O uso do fígado e coração do peixe como método de exorcismo reflete crenças antigas sobre propriedades mágicas de animais (comparar com tb6:5-7). Essa prática não aparece no cânone hebraico, mas corrobora descobertas arqueológicas de textos mágicos do Oriente Médio antigo.
Nesse momento, o anjo Rafael tomou o demônio e prendeu-o no deserto do Alto Egito.
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A fuga do demônio para o Egito pode simbolizar a associação cultural entre o mal e nações estrangeiras. A perseguição de Rafael ecoa temas apocalípticos posteriores (ap20:1-2). O Alto Egito era região conhecida por práticas consideradas pagãs pelos judeus.
Então, Tobias encorajou a jovem com estas palavras: “Levanta-te, Sara, e roguemos a Deus, hoje, amanhã e depois de amanhã. Estaremos unidos a Deus durante essas três noites. Depois da terceira noite, consumaremos nossa união;
porque somos filhos dos santos patriarcas e não nos devemos casar como os pagãos que não conhecem a Deus”.
Levantaram-se, pois, ambos e oraram juntos fervorosamente para que lhes fosse conservada a vida.
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Citação direta de gn2:18,24 sobre a criação de Eva. A ênfase no casamento como instituição divina contrasta com práticas contemporâneas de casamentos por interesse político, comum no período assírio (séc. VIII-VI a.C.).
Tobias disse: “Senhor, Deus de nossos pais, bendigam-vos o céu, a terra, o mar, as fontes e os rios, com todas as criaturas que neles existem.
Vós fizestes Adão do limo da terra e destes-lhe Eva por companheira.
Ora, vós sa­beis, ó Senhor, que não é para satisfazer a minha paixão que recebo a minha prima como esposa, mas unicamente com o desejo de suscitar uma posteridade, pela qual o vosso nome seja eternamente bendito”.
E Sara acrescentou: “Tende piedade de nós, Senhor; tende piedade de nós e fazei que cheguemos juntos a uma ditosa velhice!”.
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O medo de Ridiculização pública por mortes em casamento reflete a importância da honra social nas culturas antigas. Sepultamentos imediatos eram norma (comparar com at5:5-10).
Ora, ao cantar do galo, Raguel chamou os seus criados e foram juntos cavar uma sepultura.
“Quem sabe – dizia ele – se não aconteceu a esse o mesmo que aos outros sete homens que se aproximaram dela?”
Cavada a fossa, voltou para junto de sua mulher e disse:
“Manda uma de tuas escravas ver se ele morreu, a fim de que eu possa enterrá-lo antes de clarear o dia”.
Ela o fez. E a serva, tendo entrado no aposento, encontrou-os bem vivos, dormindo juntos.
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A estrutura da bênção ('Bendito sejas...') segue padrões litúrgicos judaicos do Segundo Templo, similares a orações em 1cr29:10-13 e ne9:5-6.
Ela voltou e deu essa boa notícia; e Raguel com sua mulher louvaram o Senhor, dizendo:
“Nós vos bendizemos, Senhor, Deus de Israel, porque não se realizou o que temíamos.
Usastes conosco de vossa misericórdia, expulsando para longe de nós o inimigo que nos perseguia,
e tivestes piedade de dois filhos únicos. Fazei, ó Senhor, que eles vos bendigam sempre mais e vos ofereçam um sacrifício de louvor pela sua conservação, a fim de que todas as nações pagãs conheçam que vós sois o único Deus de toda a terra”.
Raguel ordenou imediatamente aos seus criados que fechassem a cova, antes do amanhecer.
Disse à sua mulher que aprontasse um banquete e preparasse todos os víveres necessários aos viajantes.
Mandou também matar duas vacas gordas e quatro carneiros, destinados a um festim para todos os seus vizinhos e amigos.
E instou com Tobias que ficasse com ele durante duas semanas.
Presenteou Tobias com a metade de seus bens e redigiu um documento estipulando que a outra metade se tornaria também, depois de sua morte, propriedade de Tobias.