Romanos 10

Irmãos, o desejo do meu coração e a súplica que dirijo a Deus por eles são para que se salvem.
Pois lhes dou testemunho de que têm zelo por Deus, mas um zelo sem discerni­mento.
Desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus.
Porque Cristo é o fim da Lei, para justificar todo aquele que crê.
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Paulo usa a palavra 'fim' (telos em grego) que pode significar tanto 'término' quanto 'objetivo final'. Isso gerou debates: Cristo seria o término da Lei (como sistema legal) ou sua consumação? A interpretação depende do contexto da carta e da teologia paulina sobre graça vs. obras.
Ora, Moisés escreve da justiça que vem da Lei: O homem que a praticar viverá por ela ( Lv 18,5 ).
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Citação de Levítico 18:5. Paulo contrasta a justiça pela lei (obras) com a justiça pela fé. A frase 'viverá por elas' era usada pelos judeus para defender a observância total da Torá, mas Paulo a reinterpreta no contexto da Nova Aliança.
Mas a justiça que vem da fé diz assim: “Não digas em teu coração: ‘Quem subirá ao céu?’. Isto é, para trazer do alto o Cristo;
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Adaptação de Deuteronômio 30:12-13, onde originalmente se referia à acessibilidade da Lei. Paulo reinterpreta como referência à encarnação e ressurreição de Cristo - um exemplo de leitura cristológica do AT. Alguns críticos questionam se esta é uma interpretação forçada do texto original.
ou: ‘Quem descerá ao abismo?’. Isto é, para fazer voltar Cristo dentre os mortos”.
Que diz ela, afinal? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração ( Dt 30,14 ). Essa é a palavra da fé, que pregamos.
Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se chega à salvação.
A Escritura diz: Todo o que nele crer não será confundido ( Is 28,16 ).
Pois não há distinção entre judeu e grego, porque todos têm um mesmo Senhor, rico para com todos os que o invocam,
porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo ( Jl 3,5 ).
Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?
E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas-novas ( Is 52,7 )?
Mas não são todos que pres­taram ouvido à Boa-Nova. É o que exclama Isaías: Senhor, quem acredi­tou na nossa pregação ( Is 53,1 )?
Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo.
Pergunto, agora: Acaso não ouviram? Claro que sim! Por toda a terra correu a sua voz, e até os confins do mundo foram as suas palavras ( Sl 18,5 ).
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Citação do Salmo 19:4 (ou 18:5 na LXX). Paulo aplica isso à pregação apostólica, mas historicamente o cristianismo ainda não havia alcançado 'todos os confins do mundo' no século I. Pode refletir uma visão escatológica ou a expansão inicial sob o Império Romano.
E pergunto ainda: Acaso Israel não o compreendeu? Já Moisés lhes havia dito: Eu vos despertarei ciúmes com um povo que não merece este nome; eu vos provocarei a ira contra uma nação insensata ( Dt 32,21 ).
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Referência a Deuteronômio 32:21. Moisés profetizou que Deus usaria 'não-povo' (gentios) para provocar ciúmes em Israel. Paulo usa isso para explicar a rejeição parcial de Israel ao evangelho.
E Isaías se abalança a dizer: Fui achado pelos que não me buscavam; manifestei-me aos que não perguntavam por mim ( Is 65,1 ).
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Citação de Isaías 65:1, originalmente sobre Deus se revelar a nações pagãs. Paulo vê isso como profecia da inclusão dos gentios na igreja - um ponto polêmico para judeus tradicionalistas.
Ao passo que a res­peito de Israel, ele diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo desobediente e teimoso ( Is 65,2 ).