Mateus 3

Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia.
Dizia ele: “Fazei penitência porque está próximo o Reino dos Céus.”
Este é aquele de quem falou o profeta Isaías, quando disse: Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas ( Is 40,3 ).
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João Batista cumpre a profecia de Isaías 40:3, identificando-o como a voz que prepara o caminho para o Messias. Isso liga seu ministério às expectativas do Antigo Testamento.
João usava uma vesti­menta de pelos de camelo e um cinto de couro em volta dos rins. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.
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As roupas de pelos de camelo e o cinto de couro remetem à descrição de Elias (2 Reis 1:8), sugerindo que João cumpre o papel de 'Elias' prometido em Malaquias 4:5. Seu estilo de vida ascético reforça sua autoridade profética.
Pessoas de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a circunvizinhança do Jordão vinham a ele.
Confessavam seus pecados e eram batizadas por ele nas águas do Jordão.
Ao ver, porém, que muitos dos fariseus e dos saduceus vinham ao seu batismo, disse-lhes: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera vindoura?
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Fariseus (grupo religioso focado na Lei) e saduceus (elite sacerdotal que negava a ressurreição) são chamados de 'víboras'. A crítica é à hipocrisia: mesmo buscando o batismo, não demonstravam arrependimento real (veja Mateus 12:34).
Dai, pois, frutos de verdadeira penitência.
Não digais dentro de vós: Nós temos a Abraão por pai! Pois eu vos digo: Deus é poderoso para suscitar destas pedras filhos a Abraão.
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João desafia a ideia de que a descendência de Abraão garante salvação. Isso reflete uma mudança teológica: a fé, não a linhagem, define o povo de Deus (mais tarde desenvolvida em Romanos 9:6-8).
O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo.
Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de carregar seus calçados. Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo.
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O batismo com 'Espírito Santo e fogo' aponta para Pentecostes (Atos 2) e o juízo final. O fogo simboliza purificação (para os arrependidos) e destruição (para os ímpios), como em Malaquias 3:2-3.
Tem na mão a pá, limpará sua eira e reco­lherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, serão queimadas num fogo inextinguível”.
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A metáfora da pá e da palha queimada ecoa imagens do Antigo Testamento sobre juízo (Salmo 1:4; Malaquias 4:1). Destaca a separação entre justos e injustos no fim dos tempos.
Da Galileia foi Jesus ao Jordão ter com João, a fim de ser batizado por ele.
João recusava-se: “Eu devo ser batizado por ti e tu vens a mim!”.
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A relutância de João em batizar Jesus levanta uma questão teológica: por que o Messias sem pecado precisaria de arrependimento? A resposta de Jesus ('cumprir toda a justiça') sugere sua identificação com a humanidade e a inauguração de sua missão.
Mas Jesus lhe respondeu: “Deixa por agora, pois convém cumpramos a justiça completa”. Então, João cedeu.
Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus.
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A descida do Espírito como pomba remete à criação (Gênesis 1:2) e ao recomeço espiritual. A voz celestial combina Salmo 2:7 ('Filho') e Isaías 42:1 ('meu escolhido'), confirmando a divindade de Jesus.
E do céu baixou uma voz: “Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição”.