Marcos 1
Princípio da Boa-Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus. Conforme está escrito no profeta Isaías: 
Uma voz clama no deserto: Traçai o caminho do Senhor, aplanai as suas veredas ( Ml 3,1 ; Is 40,3 ). 
João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão para a remissão dos pecados. 
E saíam para ir ter com ele toda a Judeia, toda Jerusalém, e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. 
João andava vestido de pêlo de camelo e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. 
Ele pôs-se a proclamar: “Depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado. 
Ora, naqueles dias veio Jesus de Nazaré, da Galileia, e foi batizado por João, no Jordão. 
No momento em que Jesus saía da água, João viu os céus abertos e descer o Espírito em forma de pomba sobre ele. 
Aí esteve quarenta dias. Foi tentado pelo demônio e esteve em companhia dos animais selvagens. E os anjos o serviam. 
Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galileia. Pregava o Evangelho de Deus, e dizia: 
Passando ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. 
Jesus disse-lhes: “Vinde após mim; eu vos farei pescadores de homens”. 
Eles, no mesmo instante, deixaram as redes e seguiram-no. 
Uns poucos passos mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E chamou-os logo. 
Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os empregados e o seguiram. (= Lc 4,31-44 ) 
Dirigiram-se para Cafarnaum. E já no dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar. 
Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. 
Ora, na sinagoga deles achava-se um homem possesso de um espírito imundo, que gritou: 
Mas Jesus intimou-o, dizendo: “Cala-te, sai deste homem!”. 
O espírito imundo agitou-o violentamente e, dando um grande grito, saiu. 
Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: “Que é isto? Eis um ensinamento novo, e feito com autoridade; além disso, ele manda até nos espíritos imundos e lhe obedecem!”. 
A sua fama divulgou-se logo por todos os arredores da Galileia. 
Assim que saíram da sinagoga, dirigiram-se com Tiago e João à casa de Simão e André. 
A sogra de Simão estava de cama, com febre; e, sem tardar, falaram-lhe a respeito dela. 
Aproximando-se ele, tomou-a pela mão e levantou-a; imediatamente a febre a deixou e ela pôs-se a servi-los. 
À tarde, depois do pôr do sol, levaram-lhe todos os enfermos e possessos do demônio. 
Toda a cidade estava reunida diante da porta. 
Ele curou muitos que estavam oprimidos de diversas doenças, e expulsou muitos demônios. Não lhes permitia falar, porque o conheciam. 
De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração. 
Simão e os seus companheiros saíram a procurá-lo. 
Encontraram-no e disseram-lhe: “Todos te procuram”. 
E ele respondeu-lhes: “Vamos às aldeias vizinhas, para que eu pregue também lá, pois, para isso é que vim”. 
Ele retirou-se dali, pregando em todas as sinagogas e por toda a Galileia, e expulsando os demônios. (= Mt 8,2-4 = Lc 5,12-16 ) 
Aproximou-se dele um leproso, suplicando-lhe de joelhos: “Se queres, podes limpar-me”. 
E imediatamente desapareceu dele a lepra e foi purificado. 
Jesus o despediu em seguida, com esta severa admoestação: 
“Vê que não o digas a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta, pela tua purificação, a oferenda prescrita por Moisés para lhe servir de testemunho”. 
Este homem, porém, logo que se foi, começou a propagar e divulgar o acontecido, de modo que Jesus não podia entrar publicamente em uma cidade. Conservava-se fora, nos lugares despovoados; e de toda parte vinham ter com ele. (= Mt 9,1-8 = Lc 5,17-26 )