Lucas 4
Cheio do Espírito Santo, voltou Jesus do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, 
onde foi tentado pelo demônio durante quarenta dias. Durante esse tempo ele nada comeu e, terminados esses dias, teve fome. 
Disse-lhe então o demônio: “Se és o Filho de Deus, ordena a esta pedra que se torne pão”. 
Jesus respondeu: “Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra de Deus ( Dt 8,3 )”. 
O demônio levou-o em seguida a um alto monte e mostrou-lhe em um só momento todos os reinos da terra, 
e disse-lhe: “Eu te darei todo este poder e a glória desses reinos, porque me foram dados, e dou-os a quem quero. 
Portanto, se te prostrares diante de mim, tudo será teu”. 
O demônio levou-o ainda a Jerusalém, ao ponto mais alto do templo, e disse-lhe: “Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; 
E que te sustivessem em suas mãos, para não ferires o teu pé nalguma pedra” ( Sl 90,11 s). 
Depois de tê-lo assim tentado de todos os modos, o demônio apartou-se dele até outra ocasião. 
Jesus, então, cheio da força do Espírito, voltou para a Galileia. E a sua fama divulgou-se por toda a região. 
Ele ensinava nas sinagogas e era aclamado por todos. (= Mt 13,53-58 = Mc 6,1-6 ) 
Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. 
Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito (61,1s): 
O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a Boa-Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, 
para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor. 
E, enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 
Ele começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir”. 
Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que procediam da sua boca, e diziam: “Não é este o filho de José?”. 
Então, lhes disse: “Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; todas as maravilhas que fizeste em Cafarnaum, segundo ouvimos dizer, faze-as também aqui na tua pátria”. 
E acrescentou: “Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria. 
Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra; 
mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. 
Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã”. 
A essas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga. 
Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo. 
Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se. (= Mc 1,21-28 ) 
Desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e ali ensinava-os aos sábados. 
Maravilharam-se da sua doutrina, porque ele ensinava com autoridade. 
Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio imundo, e exclamou em alta voz: 
“Deixa-nos! Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: o Santo de Deus!”. 
Mas Jesus replicou severamente: “Cala-te e sai deste homem”. O demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal algum. 
Todos ficaram cheios de pavor e falavam uns com os outros: “Que significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles saem?”. 
E corria a sua fama por todos os lugares da circunvizinhança. (= Mt 8,14-22 = Mc 1,29-38 ) 
Saindo Jesus da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta; e pediram-lhe por ela. 
Inclinando-se sobre ela, ordenou ele à febre, e a febre deixou-a. Ela levantou-se imediatamente e pôs-se a servi-los. 
Depois do pôr do sol, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias lhos traziam. Impondo-lhes a mão, os sarava. 
De muitos saíam os demônios, aos gritos, dizendo: “Tu és o Filho de Deus”. Mas ele repreendia-os severamente, não lhes permitindo falar, porque sabiam que ele era o Cristo. 
Ao amanhecer, ele saiu e retirou-se para um lugar afastado. As multidões o procuravam e foram até onde ele estava e queriam detê-lo, para que não as deixasse. 
Mas ele disse-lhes: “É necessário que eu anuncie a Boa-Nova do Reino de Deus também às outras cidades, pois essa é a minha missão”.