Gálatas 6

Irmãos, se alguém for surpreendido numa falta, vós, que sois animados pelo Espírito, admoestai-o em espírito de mansidão. E tem cuidado de ti mesmo, para que não caias também em tentação!
Ajudai-vos uns aos outros a carregar os vossos fardos, e deste modo cumprireis a Lei de Cristo.
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Paulo parece contradizer-se entre 'levar as cargas uns dos outros' (v.2) e 'cada um levará sua própria carga' (v.5). A diferença está no grego: 'cargas' (baros = peso excessivo) refere-se a crises que exigem ajuda mútua, enquanto 'carga' (phortion = fardo cotidiano) são responsabilidades individuais.
Quem pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo.
Cada um examine o seu procedimento. Então, poderá gloriar-se do que lhe pertence e não do que pertence a outro.
Pois cada um deve carregar o seu próprio fardo.
Aquele que recebe a catequese da palavra, reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui.
Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá.
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O princípio da semeadura (v.7-9) aparece em várias culturas antigas, mas aqui ganha dimensão escatológica. Paralelos em provérbios judaicos (Pirkei Avot 3:15) e no próprio NT (2coríntios 9:6).
Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna.
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Contraste radical entre 'carne' e 'Espírito' reflete a teologia paulina da guerra espiritual (romanos 8:5-13). A 'corrupção' (phthora) alude tanto à decadência moral quanto à mortalidade física.
Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos.
Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé.
Vede com que tamanho de letras vos escrevo, de próprio punho!
Os que vos obrigam à circuncisão são homens que se querem impor, só para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo.
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A pressão para circuncidar (v.12-13) revela o conflito histórico entre cristãos judaizantes e gentios. A circuncisão era sinal de aliança (gn17:11), mas Paulo a considera irrelevante na Nova Aliança (colossenses 2:11).
Pois nem os próprios circuncisos observam a Lei. E se fazem questão de que vos mandeis circuncidar, é para terem motivo de se gloriarem na vossa carne.
Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.
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A 'glória na cruz' (v.14) era escandalosa no contexto romano, pois a crucificação era pena infame para escravos e rebeldes. Paradoxalmente, Paulo transforma o símbolo de vergonha em emblema de vitória (1coríntios 1:18).
Porque a circuncisão e a incircuncisão de nada valem, mas sim a nova criatura.
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'Nova criatura' (kainē ktisis) é conceito-chave da antropologia cristã paulina, desenvolvido em 2coríntios 5:17. Contrasta com o legalismo judaizante ao priorizar transformação interior sobre ritos externos.
A todos que seguirem esta regra, a paz e a misericórdia, assim como ao Israel de Deus.
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'Israel de Deus' (v.16) gera debates: 1) Igreja como novo Israel espiritual 2) Remanescente judeu cristão 3) Jogo retórico contra os judaizantes. A expressão única no NT reflete tensão entre universalismo e particularismo.
De ora em diante ninguém me moleste, porque trago em meu corpo as marcas de Jesus.
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As 'marcas de Jesus' (stigmata) provavelmente se referem a cicatrizes de perseguições (2coríntios 11:23-25), não a fenômenos místicos. Serviam como credenciais apostólicas contra os críticos de Paulo.
A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com vosso espírito, irmãos. Amém.