Eclesiastes 1

Palavras do Eclesiastes, filho de Davi, rei de Jerusalém.
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A autoria tradicional atribui Eclesiastes a Salomão (filho de Davi), mas estudiosos apontam que o hebraico usado e reflexões sobre a mortalidade sugerem composição pós-exílica (séc. III a.C.). A menção a 'rei em Jerusalém' seria uma persona literária, não necessariamente autoria direta.
“Fugacidade das fugacidades!”, diz o Eclesiastes. “fugacidade das fugacidades! Tudo é fugaz!”
Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?
Uma geração passa, outra vem, mas a terra sempre subsiste.
O sol se levanta, o sol se põe e se apressa a voltar a seu lugar onde renasce.
O vento sopra para o sul, volta para o norte, volteia e gira nos mesmos circuitos.
Todos os rios se dirigem para o mar, e o mar não transborda. Em direção ao mar, para onde correm os rios, para lá correm sem cessar.
Todas as coisas se afadigam, mais do que se pode dizer. A vista não se farta de ver, o ouvido nunca se sacia de ouvir.
O que foi é o que será. O que aconteceu é o que há de acontecer. Não há nada de novo debaixo do sol.
Se é encontrada alguma coisa da qual se diz: “Veja, isto é novo”, ela já existia nos tempos passados.
Não há memória do que é antigo, nem nossos descendentes não deixarão memória junto àqueles que virão depois deles.
Eu, o Eclesiastes, fui rei de Israel, em Jerusalém.
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A afirmação 'fui rei sobre Israel' gera debate: Salomão reinou no século X a.C., mas o livro reflete influências helenísticas (séc. III a.C.). A teoria mais aceita é que um sábio anônimo usou a figura salomônica como recurso retórico.
Apliquei meu espírito a um estudo atencioso e à sábia observação de tudo quanto se passa debaixo do céu. Deus impôs aos homens essa ocupação ingrata.
Vi tudo o que se faz debaixo do sol: eis que tudo é fugaz e vento que passa.
O que está torto não se pode endirei­tar, o que falta não se pode calcular.
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Esta declaração sobre a impossibilidade de corrigir o que é torto reflete o tema da limitação humana. Alguns interpretam como fatalismo, outros como realismo existencial diante da soberania divina (cf. ec7:13).
Eu disse comigo mesmo: “Eis que amontoei e acumulei sabedoria mais do que todos os que me precederam em Jerusalém. Porque minha mente estudou muito a sabedoria e a ciência,
e apliquei o meu coração ao discernimento da sabedoria, da loucura e da tolice. E cheguei à conclusão de que isso é também vento que passa.
Porque no acúmulo de sabedoria, acumula-se tristeza, e quem aumenta a ciência, aumenta a dor”.
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O paradoxo entre sabedoria e sofrimento contrasta com Provérbios. Reflete a visão de que o conhecimento amplia a consciência das injustiças e da mortalidade, antecipando conceitos existencialistas.