Jó 17

Jó nada mais espera desta vida

O meu espírito se vai consumindo, os meus dias se vão apagando, e só tenho perante mim a sepultura.
Estou, de fato, cercado de zombadores, e os meus olhos são obrigados a lhes contemplar a provocação.
Dá-me, pois, um penhor; sê o meu fiador para contigo mesmo; quem mais haverá que se possa comprometer comigo?
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Jó pede um 'fiador' (garantidor) que interceda por ele. Isso ecoa a ideia de um mediador entre Deus e os homens, tema desenvolvido em 1timóteo2:5, onde Cristo é apresentado como o único mediador. No contexto de Jó, porém, o texto reflete a angústia humana por justiça divina.
Porque ao seu coração encobriste o entendimento, pelo que não os exaltarás.
Se alguém oferece os seus amigos como presa, os olhos de seus filhos desfalecerão.
Mas a mim me pôs por provérbio dos povos; tornei-me como aquele em cujo rosto se cospe.
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Jó se sente transformado em 'provérbio' (exemplo de desgraça). Isso reflete uma maldição comum no Antigo Oriente Médio, onde a ruína de uma pessoa servia de alerta público (deuteronômio28:37). O livro explora o problema do sofrimento inocente sem dar respostas simplistas.
Pelo que já se escureceram de mágoa os meus olhos, e já todos os meus membros são como a sombra;
os retos pasmam disto, e o inocente se levanta contra o ímpio.
Contudo, o justo segue o seu caminho, e o puro de mãos cresce mais e mais em força.
Mas tornai-vos, todos vós, e vinde cá; porque sábio nenhum acharei entre vós.
Os meus dias passaram, e se malograram os meus propósitos, as aspirações do meu coração.
Convertem-me a noite em dia, e a luz, dizem, está perto das trevas.
Mas, se eu aguardo já a sepultura por minha casa; se nas trevas estendo a minha cama;
se ao sepulcro eu clamo: tu és meu pai; e aos vermes: vós sois minha mãe e minha irmã,
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Jó personifica a morte como família, mostrando visão sombria do pós-morte na tradição hebraica antiga. A ideia de Sheol (sepultura coletiva) como lugar de decomposição contrasta com desenvolvimentos posteriores de ressurreição (daniel12:2).
onde está, pois, a minha esperança? Sim, a minha esperança, quem a poderá ver?
Ela descerá até às portas da morte, quando juntamente no pó teremos descanso.
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'Barras da sepultura' podem referir-se às portas do Sheol, conceito presente em mitologias mesopotâmicas. Arqueologia encontrou paralelos em textos ugaríticos (séc. XIII a.C) que descrevem o submundo com portas e barras, corroborando a imagem usada aqui.