Salmos 143

Ó Senhor, ouve a minha oração, inclina os ouvidos às minhas súplicas; escuta-me segundo a tua verdade, e segundo a tua justiça.
E não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente.
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O verso reflete a doutrina da imperfeição humana (cf. romanos3:20). O salmista reconhece que ninguém pode ser considerado justo diante de Deus por mérito próprio - ideia que Paulo desenvolve no NT.
Pois o inimigo perseguiu a minha alma; atropelou-me até ao chão; fez-me habitar na escuridão, como aqueles que morreram há muito.
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A descrição de perseguição e escuridão remete a situações históricas como o exílio babilônico, mas também ecoa linguagem de lamentos pessoais (cf. lamentações3:6). A expressão 'como os que morreram há muito' pode indicar crença no Sheol, o mundo dos mortos na cosmovisão hebraica.
Pois que o meu espírito se angustia em mim; e o meu coração em mim está desolado.
Lembro-me dos dias antigos; considero todos os teus feitos; medito na obra das tuas mãos.
Estendo para ti as minhas mãos; a minha alma tem sede de ti, como terra sedenta. (Selá.)
Ouve-me depressa, ó Senhor; o meu espírito desmaia. Não escondas de mim a tua face, para que não seja semelhante aos que descem à cova.
Faze-me ouvir a tua benignidade pela manhã, pois em ti confio; faze-me saber o caminho que devo seguir, porque a ti levanto a minha alma.
Livra-me, ó Senhor, dos meus inimigos; fujo para ti, para me esconder.
Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus. O teu Espírito é bom; guie-me por terra plana.
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Menção precoce ao Espírito de Deus como guia moral (רוּחֲךָ טוֹבָה). Apesar de não ser uma doutrina trinitária explícita, alguns estudiosos veem aqui um paralelo com joão14:26. Críticos apontam que o termo hebraico 'ruach' tem sentido mais amplo que o grego 'pneuma' do NT.
Vivifica-me, ó Senhor, por amor do teu nome; por amor da tua justiça, tira a minha alma da angústia.
E por tua misericórdia desarraiga os meus inimigos, e destrói a todos os que angustiam a minha alma; pois sou teu servo.
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Petição controversa por destruição dos inimigos, típica dos 'salmos imprecatórios'. Contrasta com o ensino de jesus em mateus5:44. Exegeses variam: desde interpretação literal (contexto de guerras santas) até alegoria espiritual (combate ao pecado).