Salmos 10

Por que estás ao longe, SENHOR? Por que te escondes nos tempos de angústia?
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O salmista expressa um lamento comum na Bíblia: a sensação de abandono divino em momentos difíceis (cf. sl22:1, mt27:46). Isso reflete a tensão entre a fé na providência e a experiência humana do sofrimento.
Os ímpios na sua arrogância perseguem furiosamente o pobre; sejam apanhados nas ciladas que maquinaram.
Porque o ímpio gloria-se do desejo da sua alma; bendiz ao avarento, e renuncia ao Senhor.
Pela altivez do seu rosto o ímpio não busca a Deus; todas as suas cogitações são que não há Deus.
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A afirmação 'não há Deus' não é ateísmo moderno, mas uma postura prática de quem age como se Deus não interferisse. Contexto histórico: na antiguidade, a negação da divindade muitas vezes se referia à rejeição de um deus específico, não ao ateísmo filosófico.
Os seus caminhos atormentam sempre; os teus juízos estão longe da vista dele, em grande altura, e despreza aos seus inimigos.
Diz em seu coração: Não serei abalado, porque nunca me verei na adversidade.
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A ilusão de segurança do ímpio ecoa provérbios sobre a queda dos arrogantes (pv16:18). Arqueologia: inscrições mesopotâmicas mostram reis usando linguagem similar, destacando o contraste com a visão bíblica da humildade.
A sua boca está cheia de imprecações, de enganos e de astúcia; debaixo da sua língua há malícia e maldade.
Põe-se de emboscada nas aldeias; nos lugares ocultos mata o inocente; os seus olhos estão ocultamente fixos sobre o pobre.
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A descrição de emboscadas em aldeias reflete a realidade social do período: violência de grupos armados contra camponeses. Contexto histórico: período pré-exílico com relatos de opressão social (cf. mq2:1-2).
Arma ciladas no esconderijo, como o leão no seu covil; arma ciladas para roubar o pobre; rouba-o, prendendo-o na sua rede.
Encolhe-se, abaixa-se, para que os pobres caiam em suas fortes garras.
Diz em seu coração: Deus esqueceu-se, cobriu o seu rosto, e nunca isto verá.
Levanta-te, Senhor. Ó Deus, levanta a tua mão; não te esqueças dos humildes.
Por que blasfema o ímpio de Deus? dizendo no seu coração: Tu não o esquadrinharás?
Tu o viste, porque atentas para o trabalho e enfado, para o retribuir com tuas mãos; a ti o pobre se encomenda; tu és o auxílio do órfão.
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A defesa dos órfãos era responsabilidade divina num sistema sem rede de proteção social. Corrobora com leis antigas (ex22:22-24) e práticas do Oriente Próximo onde reis se declaravam protetores dos vulneráveis.
Quebra o braço do ímpio e malvado; busca a sua impiedade, até que nenhuma encontres.
O Senhor é Rei eterno; da sua terra perecerão os gentios.
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A declaração 'Senhor é Rei eterno' antecipa temas messiânicos. No NT, cristãos interpretaram isso como referência a Cristo (ap11:15). Controvérsia: 'gentios' aqui pode significar nações idólatras, não etnias em geral.
Senhor, tu ouviste os desejos dos mansos; confortarás os seus corações; os teus ouvidos estarão abertos para eles;
Para fazer justiça ao órfão e ao oprimido, a fim de que o homem da terra não prossiga mais em usar da violência.
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A justiça social como atributo divino ecoa em toda Escritura (dt10:18, is1:17). Arqueologia: documentos de Lachish mostram sistema judicial no reino de Judá, mas a Bíblia enfatiza Deus como juiz supremo além das instituições humanas.