Jeremias 39

No ano nono de Zedequias, rei de Judá, no décimo mês, veio Nabucodonosor, rei de babilônia, e todo o seu exército, contra Jerusalém, e a cercaram.
No ano undécimo de Zedequias, no quarto mês, aos nove do mês, fez-se uma brecha na cidade.
Entraram nela todos os príncipes do rei de babilônia, e pararam na porta do meio, a saber: Nergal-Sarezer, Sangar-Nebo, Sarsequim, Rabe-Saris, Nergal-Sarezer, Rabe-Mague, e todos os outros príncipes do rei de babilônia.
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Os nomes dos oficiais babilônicos apresentam variações em manuscritos. Nergal-Sarezer (citado duas vezes) pode ser o futuro rei Neriglissar (556-556 a.C.), conhecido em registros cuneiformes. A repetição do nome pode ser erro de copista ou dois títulos diferentes para a mesma pessoa.
E sucedeu que, vendo-os Zedequias, rei de Judá, e todos os homens de guerra, fugiram, saindo de noite da cidade, pelo caminho do jardim do rei, pela porta que está entre os dois muros; e seguiram pelo caminho da campina.
Mas o exército dos caldeus os perseguiu, e alcançou a Zedequias nas campinas de Jericó; e eles o prenderam, e fizeram-no subir a Nabucodonosor, rei de babilônia, a Ribla, na terra de Hamate, e o rei o sentenciou.
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A captura de Zedequias em Jericó cumpre a profecia de Ezequiel 12:13. Ribla, base militar babilônica na Síria, era local de julgamentos (2 Reis 23:33). A cegueira era castigo comum a rebeldes no antigo Oriente Médio, como mostram relevos assírios de Lachish.
E o rei de babilônia matou em Ribla os filhos de Zedequias, diante dos seus olhos; também matou o rei de babilônia a todos os nobres de Judá.
E cegou os olhos de Zedequias, e o atou com duas cadeias de bronze, para levá-lo a babilônia.
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A cegueira e prisão de Zedequias corroboram o Prisma de Nabucodonosor (registro babilônico) que menciona a captura de reis rebeldes. O método de duas correntes era padrão para prisioneiros reais (Ezequiel 19:9).
E os caldeus incendiaram a casa do rei e as casas do povo, e derrubaram os muros de Jerusalém.
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A destruição de Jerusalém em 586 a.C. é confirmada por achados arqueológicos: camada de cinzas no Ophel e selos com nomes de oficiais mencionados (como Gemarias, filho de Safã - Jeremias 36:10).
E o restante do povo, que ficou na cidade, e os desertores que se tinham passado para ele, e o restante do povo que ficou, Nebuzaradã, capitão da guarda, levou cativo para a babilônia.
Porém os pobres dentre o povo, que não tinham nada, Nebuzaradã, capitão da guarda, deixou na terra de Judá; e deu-lhes vinhas e campos naquele dia.
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A política babilônica de deportar elites e manter camponeses é atestada em crônicas mesopotâmicas. Esta estratificação social aparece em 2 Reis 25:12 e em óstracos de Tell Beit Mirsim.
Mas Nabucodonosor, rei de babilônia, havia ordenado acerca de Jeremias, a Nebuzaradã, capitão da guarda, dizendo:
Toma-o, e põe sobre ele os teus olhos, e não lhe faças nenhum mal; antes como ele te disser, assim procederás com ele.
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A proteção a Jeremias por Nabucodonosor é incomum. Possíveis motivos: 1) Reconhecimento de que Jeremias apoiava a submissão à Babilônia (Jeremias 27:12). 2) Respeito babilônico por profetas (similar a Daniel 2:48).
Por isso mandou Nebuzaradã, capitão da guarda, e Nebusazbã, Rabe-Saris, Nergal-Sarezer, Rabe-Mague, e todos os príncipes do rei de babilônia,
Mandaram retirar a Jeremias do átrio da guarda, e o entregaram a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, para que o levassem à casa; e ele habitou entre o povo.
Ora, tinha vindo a Jeremias a palavra do Senhor, estando ele ainda encarcerado no átrio da guarda, dizendo:
Vai, e fala a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu trarei as minhas palavras sobre esta cidade para mal e não para bem; e cumprir-se-ão diante de ti naquele dia.
A ti, porém, eu livrarei naquele dia, diz o Senhor, e não serás entregue na mão dos homens, a quem temes.
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Ebede-Meleque, o etíope (eunuco real), recebe promessa de proteção por ter salvado Jeremias (Jeremias 38:7-13). O cumprimento é implícito - sendo estrangeiro e eunuco, sua sobrevivência comprova o cuidado divino além das estruturas judaítas tradicionais.
Porque certamente te livrarei, e não cairás à espada; mas a tua alma terás por despojo, porquanto confiaste em mim, diz o Senhor.