Eclesiastes 10

Assim como as moscas mortas fazem exalar mau cheiro e inutilizar o ungüento do perfumador, assim é, para o famoso em sabedoria e em honra, um pouco de estultícia.
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A metáfora de 'moscas mortas no perfume' ilustra como pequenos erros podem destruir reputações. Interpretações variam: alguns veem crítica à hipocrisia religiosa, outros à fragilidade da sabedoria humana diante da vaidade.
O coração do sábio está à sua direita, mas o coração do tolo está à sua esquerda.
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A direita simbolizava força e favor divino (sl110:1, mt25:33). A esquerda, associada à fraqueza. O verso contrasta a estabilidade do sábio com a instabilidade do tolo, usando noções culturais da época.
E, até quando o tolo vai pelo caminho, falta-lhe o seu entendimento e diz a todos que é tolo.
Levantando-se contra ti o espírito do governador, não deixes o teu lugar, porque a submissão é um remédio que aplaca grandes ofensas.
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Conselho pragmático sobre lidar com autoridades iradas. Reflete a realidade política de monarquias antigas onde desafiar governantes era perigoso (compare com rm13:1-7).
Ainda há um mal que vi debaixo do sol, como o erro que procede do governador.
A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo.
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Crítica social à inversão de valores: incompetentes no poder vs. competentes marginalizados. Arqueologia confirma hierarquias rígidas no antigo Oriente Médio, como registros assírios de nomeações reais.
Vi os servos a cavalo, e os príncipes andando sobre a terra como servos.
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Sátira à corrupção do poder: servos agindo como nobres. Similar a provérbios egípcios contemporâneos sobre desordem social. Eventos como o golpe de Hazael (2rs8:7-15) ilustram tais inversões.
Quem abrir uma cova, nela cairá, e quem romper um muro, uma cobra o morderá.
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Provérbio sobre consequências naturais da malícia. Paralelos em sal7:15 e prov26:27. Arqueologia encontrou armadilhas de caça do período israelita que ilustram esse risco.
Aquele que transporta pedras, será maltratado por elas, e o que racha lenha expõe-se ao perigo.
Se estiver embotado o ferro, e não se afiar o corte, então se deve redobrar a força; mas a sabedoria é excelente para dirigir.
Seguramente a serpente morderá antes de estar encantada, e o falador não é melhor.
Nas palavras da boca do sábio há favor, porém os lábios do tolo o devoram.
O princípio das palavras da sua boca é a estultícia, e o fim do seu falar um desvario péssimo.
O tolo multiplica as palavras, porém, o homem não sabe o que será; e quem lhe fará saber o que será depois dele?
O trabalho dos tolos a cada um deles fatiga, porque não sabem como ir à cidade.
Ai de ti, ó terra, quando teu rei é uma criança, e cujos príncipes comem de manhã.
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Referência a crises políticas com reis jovens, como Joás (2rs11:21). Historiografia extra-bíblica (ex: Lista Real de Judá) confirma períodos de instabilidade sob governantes imaturos.
Bem-aventurada tu, ó terra, quando teu rei é filho dos nobres, e teus príncipes comem a tempo, para se fortalecerem, e não para bebedice.
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Contraste com o verso 16. 'Filho de nobres' implica maturidade. Banquetes reais para fortalecimento (não embriaguez) aludem a protocolos palacianos documentados em tabuletas de Mari (século XVIII AEC).
Por muita preguiça se enfraquece o teto, e pela frouxidão das mãos a casa goteja.
Para rir se fazem banquetes, e o vinho produz alegria, e por tudo o dinheiro responde.
Nem ainda no teu pensamento amaldiçoes ao rei, nem tampouco no mais interior da tua recâmara amaldiçoes ao rico; porque as aves dos céus levariam a voz, e os que têm asas dariam notícia do assunto.
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Advertência sobre vigilância real. O 'pássaro que leva a voz' pode referir-se a espiões, prática comprovada em impérios como o assírio (Cartas de Nínive). Também ecoa mt10:26-27 sobre segredos revelados.