Gênesis 12

Javé disse a Abrão: “Saia de sua terra, do meio de seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei.
Eu farei de você um grande povo, e o abençoarei; tornarei famoso o seu nome, de modo que se torne uma bênção.
Abençoarei os que abençoarem você e amaldiçoarei aqueles que o amaldiçoarem. Em você, todas as famílias da terra serão abençoadas”.
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A promessa 'em ti serão benditas todas as famílias da terra' (v.3) é interpretada como profecia messiânica. O Novo Testamento aplica isso a Cristo (gl3:8,16, at3:25-26).
Abrão partiu conforme lhe dissera Javé. E Ló partiu com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos quando saiu de Harã.
Abrão levou consigo sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló, todos os bens que possuíam e os escravos que haviam adquirido em Harã. Partiram para a terra de Canaã e aí chegaram.
Abrão atravessou a terra até o lugar santo de Siquém, no Carvalho de Moré. Nesse tempo, os cananeus habitavam essa terra.
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A menção 'os cananeus na terra' (v.6) parece contradizer a cronologia tradicional, pois os cananeus continuaram presentes mesmo após o Êxodo. Arqueologia confirma a presença cananeia na região desde 3.000 a.C., mas a narrativa reflete a perspectiva israelita posterior sobre a ocupação da terra.
Javé apareceu a Abrão e lhe disse: “Eu darei esta terra à sua descendência”. Abrão construiu aí um altar a Javé, que lhe havia aparecido.
Daí, passou para a montanha, a oriente de Betel, e armou sua tenda, com Betel a oeste e Hai a leste. E aí construiu um altar a Javé e invocou o nome de Javé.
Depois, de acampamento em acampamento, Abrão foi para o Negueb.
Houve uma carestia no país e, como a fome apertava, Abrão desceu ao Egito para aí morar.
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A ida ao Egito por fome (v.10) encontra paralelos históricos: registros egípcios do 2º milênio a.C. mencionam migrações de semitas durante crises alimentares, como no 'Conto de Sinuhe' (texto egípcio ~1900 a.C.).
Quando estava chegando ao Egito, Abrão disse à sua mulher Sarai: “Olhe! Eu sei que você é uma mulher muito bonita.
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Abraão mentindo sobre Sara ser sua irmã (v.11-13) gera questionamentos éticos. O mesmo ocorre em gn20:1-18 (com Abimeleque). Alguns estudiosos veem aqui tradições orais diferentes sobre o mesmo tema, enquanto outros argumentam que era prática cultural para proteção em terras estrangeiras (como atestado em documentos de Nuzi, Mesopotâmia, século XV a.C.).
Quando os egípcios virem você, vão dizer: ‘É a mulher dele’. E me matarão, deixando você viva.
Diga, por favor, que você é minha irmã, para que eles me tratem bem por sua causa e, assim, graças a você, eles me deixarão vivo”.
De fato, quando Abrão chegou ao Egito, os egípcios viram que sua mulher era muito bonita.
Os oficiais do Faraó viram Sarai e a elogiaram muito diante dele; e Sarai foi levada para o palácio do Faraó.
Este, por causa de Sarai, tratou bem a Abrão: ele recebeu ovelhas, bois, jumentos, escravos, servas, jumentas e camelos.
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Menção a camelos (v.16) é controversa: evidências arqueológicas sugerem domesticação em larga escala só a partir do século XII a.C., mas ossos encontrados no Vale de Aravá (Israel) indicam uso esporádico já em 2.300 a.C., compatível com a época patriarcal.
Javé, porém, feriu o Faraó e sua corte com graves doenças, por causa de Sarai, mulher de Abrão.
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As 'grandes pragas' (v.17) ecoam o padrão das pragas do Êxodo (ex7:14-12:30), sugerindo paralelos literários na descrição do julgamento divino sobre governantes opressores.
Então o Faraó chamou Abrão, e lhe disse: “O que foi que você me fez? Por que não me declarou que ela era sua mulher?
Por que me disse que era sua irmã? Eu a tomei como esposa. Olhe bem! Se ela é sua mulher, tome-a e vá embora”.
O Faraó confiou Abrão, junto com sua mulher e tudo o que possuía, a vários homens, que os levaram até a fronteira.