Gênesis 2

Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército.
E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito.
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O 'descanso' de Deus não implica cansaço, mas conclusão da criação. A instituição do sábado (ex20:8-11) se baseia neste relato. O NT reinterpreta este repouso como salvação em Cristo (hb4:4-10).
E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.
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A santificação do sétimo dia é única na literatura do antigo Oriente Médio. Alguns críticos apontam aqui influência do exílio babilônico (séc VI a.C.), quando o sábado ganhou maior relevância cultural.

A formação do homem

Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o Senhor Deus os criou.
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Mudança de nome divino: de 'Elohim' (Deus) para 'YHWH Elohim' (Senhor Deus). Esta variação alimenta a teoria documental (J e P), que propõe fontes editoriais diferentes para o Gênesis.
Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado; porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo.
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Contraste com Gn1:11-12 onde plantas são criadas antes do homem. Alguns estudiosos sugerem que este seria um relato alternativo da criação. O 'vapor' (ed) regando a terra reflete concepções antigas de hidrologia.
Mas uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo.
Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.
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A criação do homem do pó: contrasta com mitos mesopotâmicos onde humanos são feitos de sangue divino. A expressão 'alma vivente' (nefesh) é usada também para animais (gn1:24), mas com sopro divino único (1co15:47-49).
E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado.
Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
E saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se dividia, repartindo-se em quatro braços.
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Geografia simbólica: Tigre e Eufrates são reais, mas Pisom e Giom são desconhecidos. Arqueólogos propõem conexões com antigos canais secos na Arábia. A menção a 'Cuxe' (v13) geralmente associada à Etiópia, mas poderia ser Mesopotâmia do Sul.
O primeiro chama-se Pisom; é o que rodeia a terra de Havilá, onde há ouro.
O ouro dessa terra é bom; também se encontram lá o bdélio e a pedra de ônix.
O segundo rio chama-se Giom; é o que circunda a terra de Cuxe.
O nome do terceiro rio é Tigre; é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto é o Eufrates.
Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.
E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente,
mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
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A contradição aparente: Adão não morre fisicamente após comer o fruto (gn5:5). Explicações incluem: morte espiritual imediata, mortalidade introduzida, ou profecia cumprida na expulsão do Éden (rm5:12).

A formação da mulher

Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.
Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles.
Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea.
Então, o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne.
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A costela como símbolo de igualdade (não os pés ou cabeça). Alguns manuscritos da LXX (Septuaginta) colocam a criação dos animais após a mulher, alterando a narrativa.
E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe.
E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada.
Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.
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Citado por Jesus (mt19:5) e Paulo (ef5:31) como base para o matrimônio. Antropólogos notam que o padrão de deixar os pais é incomum em sociedades patriarcais antigas.
Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.